Nó velas
A vida contada em papel, ensaiada, editada e interpretada não tem a menor graça. Deve ser por isso que o Ibope nem sempre encoraja os autores. Fazer novela é besteira, disseram muitos quando a TV vislumbrou o pote de ouro.
O melodrama sempre nos atraiu. Mas, o que tem a estória colorida, caricata da realidade nem sempre cor-de-rosa, com o nosso cotidiano? Tudo! A diferença é a direção que comanda as mudanças.
O mote das novelas é sempre baseado num fato real. As mocinhas nada ingênuas se deixam perseguir. Os casais sempre brigam e não conseguem fazer o feliz para sempre do início ao fim. É porque os rompimentos chamam mais a nossa atenção.
As cenas de sexo cada vez mais tórridas, essas sim extrapolam porque nada deixam para a imaginação. Sinto saudade dos filmes em preto e branco quando o beijo na boca repetido e acompanhado de respirações entrecortadas, eram o máximo que se podia mostrar. E aquele quadro de flores ou uma janela entreaberta eram a deixa para que os apaixonados, finalmente, se encontrassem na fronteira do prazer.
Mas o que as novelas têm feito, e isso é bom ressaltar, é mostrar a mulher tomando decisões. São elas que dão o colorido e seguram a trama. São personagens fortíssimas quando representam a mãe, a empresária ou até mesmo a amante. O machão, que já foi por razões óbvias da época, o representante legítimo do brasileiro está desaparecendo. Em seu lugar, o personagem, na maioria das vezes ridículo que só tem peito, pernas e muito pouco cérebro.
Seria a perpetuação da visão distorcida de gênero? A mídia agora explora o corpo masculino como produto principal das estórias rascunhadas em papel, editadas e interpretadas. Qual é a graça?
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