A paz pode ser apenas indiferença


Domingo é um bom dia para ficar desestressado. Acordar sem pressa, tomar um bom café feito na hora, curtir a manhã de um dia convencionado para o descanso, ler o jornal e se estarrecer. Não que traga alguma novidade deste mundo. Afinal, a prostituição nos acompanha há muito tempo, só que antes era motivo de vergonha coletiva.

Como é possível continuar a intenção harmoniosa diante de tanta miséria que acontece bem próximo a mim? A paz que desejo se esvai com a mesma rapidez, que um raio cruza os céus e despeja o seu poder sobre uma bela e frondosa árvore.

Você quer destruir alguém? Abuse dele sexualmente.

Agora, acordei a juíza self e passo a me cobrar o que tenho feito em prol desses meninos e meninas indefesas? Como produtora da rádio Am do Povo, tive inúmeras oportunidades de promover denúncias, que mereceram CPIs na Câmara Municipal de Fortaleza e, mais recente, no Congresso Nacional.

Alguns foram denunciados e tiveram que responder à Justiça. Mas, não foi o suficiente para acabar com o crime. E o pior de tudo, é que nos lugares onde isso ocorre (quero dizer, entre nós), muitas vezes a desgraça passa ao largo. É a indiferença anestesiante. Estamos preocupados com outras mesmices.

Estamos psicoadaptados com a miséria humana. Suspiros prolongados me fazem parar a leitura logo de início. Fico nas manchetes e nos pequenos textos porque não é preciso ir até o fim para perceber a dor e o abandono que vitimam essas crianças.

É por isso que ao ligar o rádio, a TV, ler revistas e jornais, vemos os espaços quase todos ocupados pela aberração do mau gosto e o abuso do sexo. A interpretação equivocada da sexualidade humana.

Não estou aqui ditando normas, quem dera que eu pudesse ou conhecesse um manual que orientasse e fosse seguido para libertar essas crianças. E libertar também os que delas abusam, porque também estão presos à deformidade moral.

Faço um apelo àquele que tudo vê e nos concede o livre arbítrio, mesmo que mal utilizado, para que interceda em favor deles. Mas, isso não quer dizer que iremos ficar de braços cruzados. É preciso cobrar dos meios de comunicação o seu papel de denunciar, fiscalizar e criar incentivos, por meio de campanhas de valorização da vida, em busca da vida digna que eles merecem.

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