Matu(r)idade


Costumo dizer brincando que envelhecer dói e que preciso aprender a amar os velhinhos. O sorriso não tira a veracidade. Não precisamos andar muito a procura de exemplos para perceber a falta de amor a quase todos nós, no convívio social.

Vemos o que a cultura da moda dita: ser gordo, ser idoso e usar óculos, dentre outros, é ser constrangido a se policiar e pedir licença quase o tempo todo para participar do código de convivência no cotidiano.

Foi como camaleão que nos pintamos e absorvemos palavras de ordem para fazer a leitura imposta. Nos psicoadaptamos em ver nos quilinhos a mais( a expressão já deixa você por baixo) e nas marcas de expressão(substituindo as rugas, as marcas do tempo) como algo indesejável e que nos causa horror!

E tudo faz parte de um processo natural, no caso, a flacidez da pele e outras conseqüências que o tempo carrega; e a praga da dieta forçada, posta de goela abaixo, que nos faz sentir culpados e experimentar o crime de comer escondido!

E escondido fazemos outras coisitas mais que não agridem o corpo, mas a mente. Mentir, por exemplo, no ledo engano de que não seremos descobertos. Ou de prometer, sabendo lá no fundo, antecipadamente, que só queremos adiar a ação. E aqui, lembro de outra aculturação de que não devemos confiar no político, na política. Mas, aí é outra estória ou história.

Para ter discernimento, a alternativa é se fortalecer de informações, e iniciar uma nova cultura de saber o que deseja pra si, por exemplo. Um bom começo é a leitura de Mulher madura do escritor mineiro Afonso Romano Sant'Anna.

Aposentar?

Eu não me imagino aposentada, fazendo crochê tranqüila e postando no blog pelo prazer de escrever sem medo de perder o provedor por atraso na mensalidade, apesar das inúmeras vantagens promocionais.

Também não me vejo curtindo uma boa cadeira na varanda sem a menor preocupação com o valor da mensalidade do plano de saúde, que de tão caro, já nos causa turbulência na estrutura física.

Não me sinto aposentada porque olho na minha carteira de trabalho e sinto a distância do tempo a percorrer porque está desatualizada há sete anos. A última vez que recebeu um carimbo foi na despedida do emprego de 18 anos.

E aposentar pra quê? pra pegar empréstimo com juros estabelecidos de 2,9%? O teto máximo já está em vigor para o aposentado que se arrisca a solicitar empréstimo com desconto em folha.

Como sou otimista e ainda falta muito tempo para aposentadoria, vou torcer para quando o meu momento de aposentar (duvido que o faça) chegar, não seja constrangida a correr pro asilo do empréstimo.

Quer saber como ficou definido o empréstimo? Segue aqui O Povo.

Ser jornalista


Peguei emprestado da minha filha que já tomou de um amigo e estou lendo as Memórias profissionais de Ricardo Noblat. A obra faz parte da série O que é ser, da editora Record que tem como público alvo os jovens estudantes e cujo objetivo é mostrar a trajetória de muitos profissionais que formaram e formam a nossa história.

A editora concebeu a idéia ao perceber a insistência de se encaminhar adolescentes de 15 e 16 anos aos cursinhos e, uma vez lá, serem constrangidos a escolher a profissão que vai lhe garantir a sobrevivência no futuro.

Como ter certeza, ainda na adolescência, de que quando adulto estaremos satisfeitos com a profissão abraçada? Coloco em dúvida esse processo das escolas apressadas em formar.

Ricardo Noblat, blogueiro desde 2004, dirigiu o Correio Brasiliense durante oito anos (1994-2002) e passou pela redação do jornal o Globo e das revistas IstoÉ e Veja. Num texto apaixonante, Noblat nos coloca dentro da sua história e nos faz viver nele a paixão e a seriedade de ser jornalista.

Isso porque ir à redação todos os dias, pegar a pauta, cobrir, levantar dados e juntar as idéias, é muito mais que garantir o emprego. É fazer história passo a passo. É ser a história.

Ainda estudante, Noblat "furou" um grande concorrente, usando da perspicácia e da persistência que são até hoje os estímulos desse brilhante profissional. E para quem se arrisca na aventura de ser jornalista, o recado do nosso colega:

"Quem desejar levar a sério o jornalismo há de se tornar refém de suas leis
universais e, até certo ponto, desumanas. Uma delas ensina que a glória de
um
repórter dura, no máximo, 24 horas. Na verdade, dura menos que isso. A
reportagem pode lhe render elogios até o meio-dia. Depois não se falará mais
dela entre seus colegas e chefes. O autor da proeza estará ocupado com outro
assunto.

E se não provar com regularidade que é capaz de continuar
produzindo bons trabalhos, passará a ser obejto de críticas e se arriscará a
perder o emprego.

Outra lei estabelece que o jornalismo deve ser exercido em tempo integral.
Isso quer dizer: do momento em que o jornalista acorda até o momento em que vai
dormir. Notícia não tem hora nem dia marcado para eclodir e você esbarra nela em
qualquer lugar. Uma vez detectatada, não se pode ignorá-la sob pena de incorrer
em crime de lesa-majestade.

A pena máxima para o crime é o olho da rua. Pois o jornalista veio ao mundo
para correr atrás de notícias e oferecê-las ao estimado público da melhor
maneira possível. Com precisão, clareza e honestidade."

Mensageiro da arte


O compositor e o escritor são mensageiros de idéias em movimento, que combinadas com o ritmo ou espaços, nos premia com bons momentos de arte. Por isso, eu costumo me queixar do que tenho ouvido nos rádios e do que tenho visto nas livrarias e bancas de jornais.

Faço parte de um contexto artístico numa terra onde proliferam sensíveis, que fazem da cor um arco-íris, e que improvisam dos fatos cotidianos e nos arrancam gargalhadas. A arte é um prazer infindável.

O Ceará, que não sabe contar ainda o tempo de existência se 400 ou 500 anos, tem no calendário dos seus dias, inúmeros artistas. Muitos já se foram e, do outro lado, nos inspiram. Outros, por sorte, permanecem entre nós.

Fausto Nilo é o arquiteto das letras. O poeta concreto, uma vez que expande talento nas obras arquitetônicas. E brinca com as palavras, transformando-as na companhia dileta. Como é bom ter ouvido para acompanhar suas canções.

E hoje, o nosso compositor brindou gentilmente a audiência da Am do Povo. Eu não tive oportunidade de ouví-lo. Fiquei na marginal, presa no expediente de trabalho. Mas, oportunidade não falta para traduzir o que tenho de mais sensível e saborear a arte brasileira de ser do poeta.

Fausto Nilo é como sugere o segundo nome: um rio que resiste ao deserto e faz brotar a vida. Sem receio permite-nos a sinceridade de declarar o caminho, que percorre para arte final de suas composições.

Tomara que a declaração que se segue sirva de estímulo para os apressados, os que com objetivo de atender o mercado exigente, atropelam as letras, maltratam a nossa língua, confundem os nossos jovens e comprometem a nossa cultura.


"Muitas vezes demora mais de um ano para terminar a letra de uma música
porque não consigo achar a frase ideal. Outras vezes, a música fica pronta em
poucas horas. E acho engraçado que em outras oportunidades, escuto uma música
minha no rádio e me pergunto o motivo de ter usado determinada frase. "

Acompanhe o que nos diz Fausto Nilo

Quem merece confiança?


A questão da segurança pública é bem mais ampla do que se discutiu até aqui. Ninguém está a salvo da desconfiança. Há pouco participei de uma enquete realizada pela Folha de São Paulo perguntando se o advogado criminalista merece ser revistado como qualquer visitante a um presídio.

Concordei com quase a maioria dos participantes, até agora o número de votos SIM soma 1.689, um total de 93% dos votantes. A enquete vem a propósito dos momentos de terror que foi alvo a cidade de São Paulo.

Neste momento, como em outras oportunidades, fico me perguntando como jornalista, sobre o papel da imprensa, da mídia como um todo, em relação à cobertura da criminalidade.

Aqui, textualmente, afirmo ser contrária a vasta programação que aborda os crimes do dia-a-dia; como é visto o policial e como é mostrada a instituição da Polícia Militar. Na maioria dos programas, a responsabilidade exclusiva é da polícia.

Insisto em dizer que a falta da educação é uma das causas primordiais. O que se vê hoje é fruto da ausência escolar. Ou melhor, de políticas voltadas para a educação (parece chavão), mas é oportuno apontar.

Recordo promessa feita pelo presidente Lula de investir em mais escolas para diminuir o número de grades no país. Foi durante o último programa do Partido dos Trabalhadores
"Quanto mais alunos colocarmos nas escolas menos gastaremos com grades nas cadeias. Que Deus nos abençoe a todos."

São Paulo, a maior cidade do país em investimentos, convive com o levante da classe menos privilegiada, e por que não dizer, sem nenhum investimento sério, contínuo.

Nó velas


A vida contada em papel, ensaiada, editada e interpretada não tem a menor graça. Deve ser por isso que o Ibope nem sempre encoraja os autores. Fazer novela é besteira, disseram muitos quando a TV vislumbrou o pote de ouro.

O melodrama sempre nos atraiu. Mas, o que tem a estória colorida, caricata da realidade nem sempre cor-de-rosa, com o nosso cotidiano? Tudo! A diferença é a direção que comanda as mudanças.

O mote das novelas é sempre baseado num fato real. As mocinhas nada ingênuas se deixam perseguir. Os casais sempre brigam e não conseguem fazer o feliz para sempre do início ao fim. É porque os rompimentos chamam mais a nossa atenção.

As cenas de sexo cada vez mais tórridas, essas sim extrapolam porque nada deixam para a imaginação. Sinto saudade dos filmes em preto e branco quando o beijo na boca repetido e acompanhado de respirações entrecortadas, eram o máximo que se podia mostrar. E aquele quadro de flores ou uma janela entreaberta eram a deixa para que os apaixonados, finalmente, se encontrassem na fronteira do prazer.

Mas o que as novelas têm feito, e isso é bom ressaltar, é mostrar a mulher tomando decisões. São elas que dão o colorido e seguram a trama. São personagens fortíssimas quando representam a mãe, a empresária ou até mesmo a amante. O machão, que já foi por razões óbvias da época, o representante legítimo do brasileiro está desaparecendo. Em seu lugar, o personagem, na maioria das vezes ridículo que só tem peito, pernas e muito pouco cérebro.

Seria a perpetuação da visão distorcida de gênero? A mídia agora explora o corpo masculino como produto principal das estórias rascunhadas em papel, editadas e interpretadas. Qual é a graça?

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...