Pela dieta


Fala-se tanto em dieta, regime e corpo escultural e eu fico me perguntando o por quê de tanta nóia? Conversando com o cérebro e o estômago, percebi que a comida, ou melhor, a comilança está no cardápio da nossa vida.

Qualquer aborrecimento, o estômago responde: flatulência, empachamento, dentre outros. A vida tem sido o grande estômago. Na hora da promoção olhamos para o nosso umbigo. E, na maioria das vezes nos prendemos nele e deixamos o tempo passar.

Depois de uma extenuada vida noturna que saía pra beber e comer, só vou de pizza agora. O estômago está sempre falando mais alto! A maior conta do mês vai para o supermercado. A grana extra é para os finais-de-semana, que incluem um bom prato de macarrão ou um almoço mais arrumadinho pra família aos domingos.

Os restaurantes fazem a festa: quinta do caranguejo, sábado da feijoada, e do churrasco; domingo de pratos variados; promoções de sushi, de fondue e lá vamos na onda da colher, mergulhando nos caldeirões.

Comer é pra todos, mas a democracia não é praticada no prato. Enquanto um grupo seleto senta-se a mesa, delicia-se com as guloseimas em ambiente de ar-refrigerado, logo ali na esquina, a poucos metros, alguém revira a lata do lixo em busca de alimento.

A comida também está presente na cantilena das campanhas eleitorais e muitos programas alimentam o que se chama de social: temos o Bolsa-Família, que veio para combater a fome. Que regime!

Precisamos ajustar a pirâmide comestível: na base, educação e emprego; acompanhada de preços baixos, mais cor nos pratos com menos agrotóxicos, liberdade nas ruas, portas e janelas aberta pra casa respirar. Isso seria o começo.

Do lixo


O lixo acompanha a nossa história. Eu sou do tempo que se enterrava sobras no quintal. As folhas das grandes mangueiras, goiabeiras, cajueiros e outras árvores frutíferas eram recolhidas e queimadas. Ninguém reclamava da fumaça porque era consenso na vizinhança. O trabalho era alertar para a retirada dos lençóis passados no anil, que dançavam ao vento e se iluminavam a luz do sol.

O recurso poético é para tentar abrandar a situação de hoje dos que vivem amolestados pela abundância do lixo. Os resíduos sólidos, matéria orgânica, não adubam apenas, alimentam o homem, como imortalizou a poesia de Manuel Bandeira.

Somos convidados a mudar a cultura da convivência com o indesejável, armazenando com cuidado em sacos plásticos; separando os recicláveis, dentre outras medidas.

Só não se vê uma fórmula para resolver e dar vida digna ao sobrevivente dos lixões. Não falo dos produtos que levam anos para desaparecer. Estou falando do pai de família, da mãe do garotinho subnutrido que se cobre de poeira, oferece o seu corpo à contaminação para (que paradoxo) garantir a sua vida.

O Povo flagra a realidade, que na maioria das vezes, fingimos não ver.

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...