Ele se atrasa e é recebido com calor, mas de aborrecimento. Com o pé direito machucado, uma pizza na mão direita e uma Coca-Cola de dois litros na esquerda.
Olha com sorriso dolorido, bolhas no pé incomodam profundamente, suplica desafiando:
-Tem gelo amor?
Ah! e como! Sem perceber assiste à cena do amor aborrecido, jogando ao chão as caixinhas de gelo retiradas do freezer. Ato contínuo, ela toma dois panos de pratos. Mas, só depois de recolher o gelo nos paninhos bordados com crochê, se espanta.
-Você acha que eu vou colocar os paninhos brancos nesse pé imundo?!!
-Amor, o gelo é para Coca!!
É uma cena engraçadamente tranqüila, que se passa numa cozinha de uma casa real. Não é no Teatro José de Alencar.
Ao ouví-la já acompanhada de sorrisos e gargalhadas pelos protagonistas, reconheço-me muitas vezes, desempenhando o papel da mulher que reclama da hora.
Amor não combina com coisas da Terra:
- hora marcada
- cama pequena depois de um ano de convivência
- decotes
- esmalte vermelho
- bar cheio de homens ou de mulheres desacompanhados
- vestido curto
- blusa aberta mostrando os pelos do peito(Hummmm...)
- prego de carro, que dura um dia inteiro em pleno carnaval
- telefone atendido por voz feminina
- Isso não é o que você está pensando (frases feitas com preconceito já feito também.
E uma infíndavel razão de ser de como eu sei bem atrapalhar a minha relação. Isso porque nós somos peritos em queixas, reclamações e queremos que o outro seja exatamente como projetamos.
E hoje é mais um sábado, mais um dia pra curtir adoidado, amar adoidado e brigar como nunca, além de romper como sempre. Ah, como somos ilógicos!