Sem extraordinário

Há ainda muitas dúvidas com relação à nossa semelhança. Mesmo os fatos comprovando que somos iguais. Que a cor não nos dintingue, mas as funções, a forma de ver a vida com a bagagem adquirida.

Causou sensação de espanto o fato da mãe ao lado ter filhos gêmeos de cores diferentes. E, com certeza, a notícia merece destaque, por ser para muitos, um fato inusitado.

Mas, acabo de ver que no Brasil, por conta da miscegenação, ter gêmeos de cores diferentes não é tão raro. Há registros no interior do Nordeste.

Como jornalista, aprendi a buscar o extraordinário, o que garantisse venda do veículo em que trabalho. Contudo, como pessoa, o que mais desejo é que fatos assim, como o amor de mãe, alcance a todos.

Apocalipse na véspera da eleição??


Eu não sei se tem a ver com o dia de amanhã, mas acabo de ler, que hoje, 28 de outubro, dia do servidor público, a Terra poderá(ou deveria) ser destruída por um cometa!

Por conta do susto, tive que ler a matéria duas vezes, conferir datas, me beliscar para ver se estava de todo aqui. Pois não é que é mesmo? Tô pasmada!

A notícia sobre um dos maiores desastres que o nosso Planeta, a nossa casa de todos os dias, estaria para ser destruída, está no jornal Pravda. Ignorante diante das leis naturais e também da ciência terrena, estou entre a dúvida e a aposta de que todo cientista é doidão.

Sempre quando leio algo assim, eu converso com o meu self: é mesmo? Será? Dúvido. Mas, a lembrança da exterminação dos dinossauros faz com que o espírito jurássico mantenha-se em alerta.

Tenho amigos que já decidiram mudar de Estado por conta da propalada onda, tsunami, que virá para o nosso litoral e devastará tudo. Mas, isso está anunciado para 2013. Será que resolveram antecipar? E nem me avisaram?

Confesso que estou desdenhando. Mas, isso é para afastar o medo que o princípio do fim sempre nos provoca. É claro que tudo é possível. E sabemos que as leis naturais não sofrem e nem sofrerão mudança com a vontade consciente do homem.

Ao comentar a possibilidade com uma das minhas filhas, Andréa, ela também não deu muito crédito. Perguntou-me como tinha chegado a tal informação. Eu buscava, através do Google, algo inusitado ocorrido hoje.

Se a notícia não lhe despertou interesse, lá no Pravda vai saber que Gianecchini e Marília Gabriella estão separados; que uma mulher deu à luz a gêmeos de cores diferentes; que o ouro de Pinochet é falso e que a Panda mais velha do mundo tem 34 anos.

Eu leria.

Frustrada com institutos de pesquisa



Eu tenho uma grande frustração como eleitora. É o de nunca ter sido entrevistada por um instituto de pesquisas. Puxa, como eu gostaria!

Quando leio o resultado dos freqüentes levantamentos, indicando (pra não dizer), sugerindo certo candidato, eu penso: taí, lá vai todo mundo votar nele porque a cultura dita que ninguém quer perder voto.

E sabe o que me ocorre, também? O de que estou totalmente fora do processo pré-eleitoral, a nossa festa democrática.

Por que os institutos não me colocam no seu universo? Por que não posso ser uma porcentagem dentro da temática? Por que não tenho o direito de ser induzida a responder sobre esse ou aquele?

Tantas perguntas... Mas, eu já fui pesquisada sim, e o resultado foi desastroso no meu bolso. Depois que o rapaz saiu, e passados 30 dias da sua vistoria para saber quanto pontos de luz tem na minha casa, acredita que a conta da energia foi pro espaço?

Aprendendo com a TV


Nem sempre nos damos conta da programação boa da TV, porque pra nós é mais fácil criticar e jogar tudo dentro de um saco, sentenciando: é tudo a mesma porcaria.

Confesso, que já cheguei a pensar em escrever algo assim. Mas, como sei que a generalização é redundante demais para quem quer definir algo ou alguém, não irei aqui cometer o pecado irresponsável de achincalhar integralmente a nossa TV. Ah, isso não!

Estou assim, como a criança, vivendo a fase das descobertas. Eu decidi pela percepção dos detalhes, que antes fechava os olhos. Não vou fazer aqui defesa da TV A ou B, mas, como o espaço é meu e a Web me permite, vou comentar a respeito da mais nova emissora de TV do Ceará: A TV Assembléia.

Ih.... vão dizer que eu trabalho aqui e que estou puxando brasa para minha sardinha. A intenção, confesso, não é esta. O cearense está tendo uma oportunidade de conhecer a fundo o que acontece no Legislativo sem os retoques de assessorias.

As câmaras da TV Assembléia desnudam o palco das principais decisões do destino do Estado. E os parlamentares, por sua vez, não é que não se preocupem com a imagem, apenas mostram como realmente reagem diante da responsabilidade de representar os seus bem intencionados eleitores.

Mas, que programa chato! Como eles gritam e se agridem. Ah, isso tem mesmo. É o debate de idéias. Não perca tempo, ligue no Canal 30. A TV engatinha na produção, mas os legisladores não. Estão lá todos os dias denunciando, reclamando, agredindo e tudo sem cortes! Gente, isso é que realismo e fidelidade ao factual.

E onde mais eu saberia que já é lei, e por isso, deve ser obedecida, a parturiente ter ao lado o marido, na hora da chegada do filho desejado, nos hospitais do Sistema Único de Saúde? E fecha questão afirmando que “pai não é visita”.

Sobre a lei ,que permite ao deficiente visual e ao cão que o guia, permanecerem em veículos, estabelecimentos públicos e privados?

Que a rede Globo faz campanha em nome dos esquecidos, a chamada contra a pobreza, que explicitamente esclarece não querer o nosso dinheiro, mas a nossa voz, a nossa participação?

A TV Assembléia está, paulatinamente, decretando o fim do analfabetismo político.

A propósito: não estou na TV, o meu xodó é rádio.

Face a face


Mutilar o corpo em nome do que o outro pensa de mim. Ou seria para continuar alimentando, no outro, a ilusão de que sou perfeita?

Afora o prazer de também permanecer alienada ao tempo, confesso que invisto no visual. Sou uma compradora contínua de batom. Outro cosmético que não falta em casa é o protetor solar, fator 100, porque o não uso prejudicaria, em muito, a minha face.

Não estou - ressalto- , criticando quem se deixa retalhar, moldar o corpo, nas inúmeras clínicas de “perfeição”. Mas, digo que adiar a velhice é apenas adiar um problemão.

É claro que penso nisso, mas não o tempo todo. Agradeço os quase 52 anos de experiência conquistados com muito trabalho.

Interpreto a correria pelos bisturis como auto-rejeição. Porque assim o faria, caso não pudesse suportar as marcas do tempo. Mas, o meu corpo tem histórias maravilhosas que não devem ser apagadas pelo bisturi implacável.

Volto a esse tema porque as plásticas estão nos descaracterizando. Nunca vi tanto seio inflado na TV, nas ruas... E fico pensando qual seria o mérito de mostrar algo que não me pertencesse?

Seria o mesmo que roubar um texto, integralmente. Ninguém tiraria de mim a frustração da pseudo-propriedade.

E a mídia, claro, contribui porque dá muito dinheiro. Principalmente agora em que tudo pode ser feito em diversas parcelas. Mulheres do meu país, acordem! A beleza vai muito além do que a roupa ou a nudez mostra.

Costumo dizer que envelhecer dói, mas também temos as doenças da infância. Apesar de a primeira aplicação da vacina Sabin datar de 50 anos, eu não tomei, sabia? Tenho pernas perfeitas(também na estética) devidamente cobertas por calças compridas, por ser um vestuário prático.

Não perco muito tempo diante do espelho. Eu já conheço essa cara. A que eu quero ser apresentada, em toda a sua plenitude, o espelho não mostra. Alguns amigos, caros amigos, e os poucos adversários, têm me demonstrado essa desconhecida, que me acompanha há cinco décadas atuais. Digo assim, porque sei o quanto antiga sou e que vou continuar.

Você não faz idéia do prazer que a renovação nos permite. Não é tratar o corpo como uma vestimenta. Isso não! Mas sei que irei trocá-lo, não pela força e imposição do bisturi, mas pela providência do ser universal.

Sem analfabetismo



No próximo domingo, voltaremos às urnas para escolher o futuro presidente. Em meio a tantas discussões, debates, brigas acirradas entre militantes partidários e os números indicativos das pesquisas, percebo que a forma de reclamar votos é uma prática cansativa e desgastante.

De um lado, o candidato teimando em vencer as diferenças e sair vitorioso. De outro, o eleitor com dúvidas acumuladas. Há quem diga que o debate decide o ganhador. Pra mim, a vitória ou fracasso não pertence ao candidato. É propriedade nossa, que muito timidamente, ainda relutamos em discernir e optar pelo certo.

O que diria o dramaturgo alemão, Bertholt Brecht, falecido há 50 anos? O autor da "Ópera dos três vinténs", apesar de desconhecido pela maioria de nós, inclusive pelos alemães, descreveu com muita sensatez a respeito do eleitor, que ignora a sua importância:

"O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida,o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio que dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais."

Com a mão na outra


Como falar mal de sexo, transar sem restrições, se deixar filmar enquanto transa, já está ficando pra lá de cansativo(aff), o momento é oportuno para continuar falando sobre comportamentos mais simples, como andar de mãos dadas.

Sinceramente, nunca pensei que isso seria um dia motivo para escrever aqui. Mas, depois de ter lido Carla Rodrigues, que por sua vez, leu Tania Menai, que tomou por base matéria publicada no NY Times, eu precisava comentar.

Conta a jornalista, que na cidade de NY, andar de mãos dadas é tão raro quanto passar o mês inteiro com o salário. Para os novaiorquinos, o gesto representa relação pública, que talvez deva ser feito em lugares menos vistos, como no escurinho do cinema.

Pra mim, andar de mãos dadas com o namorado pelas ruas, é tudo de bom. Além de marcarmos o mesmo passo, guiamos um ao outro, nas tortuosas calçadas de Fortaleza. Isso aumenta a comunicação, enquanto olhamos algo que aprovamos ou não. Um simples aperto de dedos, nos deixa em alerta.

Tem ainda o calor do corpo que se concentra no toque, nos envolvendo na energia, que nos ajuda manter leais aos sentimentos comuns. Pra mim é tão corriqueiro quanto segurar o corrimão da escada para manter o equilíbrio, por exemplo. E nada é mais romântico do que seguir assim. Além do que, experimento sensação de apoio.

Não obstante, sabemos que no nosso Ceará, uma boa parte dos casais anda mesmo um na frente, outro atrás, num flagrante descompasso. Até dá pra identificar a situação. Os namorados, de mãos dadas, já os casados, nem sempre.

Reparo muito nos restaurantes, quando acompanhadas com amigas, olhar comprido nos corredores. E a TV em restaurante deságua o jantar, que merecia luz de velas. TV ligada é um tal de cala-boca, que não tem romantismo antigo que resista.

Mas, voltando a dar à mão, penso na simbologia ímpar. No demonstrar e oferecer confiança. É o ensaio solidário de que "pode contar comigo". No Brasil, a expressão é comumente usada pelos que propagam a caça ao voto: "de mãos dadas com a saúde"; "de mãos dadas com a educação"; "de mãos dadas com o trabalhador...." e por aí vai. Não obstante, na maioria das vezes, nos deixam na mão.

Agora, merecem ser vistos os comentários dos internautas. Mate a curiosidade. Clica na Carla.

Armamento


Estava comemorando o destaque 2006, prêmio dado pela Gazeta dos blogueiros, quando me deparei com a notícia de outra homenagem, bem diferente da que me estimulou a continuar escrevendo neste espaço.

Uma senhora de 67 anos vai receber medalha por ter atirado no ladrão que tentou assaltá-la. A homenagem comemora o primeiro ano do referendo do desarmamento. O autor da iniciativa é o vereador Carlos Bolsonaro, um defensor do armamento no país. A matéria está no O Povo de hoje.

Situações diversas e, ao mesmo tempo, construtivas. De um lado o desenvolver do pensamento. Do outro, a manutenção da vida sob o jugo do medo.

Abomino qualquer tipo de arma. Sinto-me ferida só de olhar. Pego na faca por obrigação doméstica, mas sempre acompanhada de um arrepio de certo pavor, seqüelas habilmente disfarçadas no âmago.

Não comemorei a vitória do armamento porque pra mim significa continuar atirando no escuro, nas idéias desencontradas de se fazer seguro, e de segurar propostas humanistas.

Votei a favor do respeito à vida, ao homem e a pela continuidade de uma sociedade lógica. Quisera eu puder fazer o reverso. Quisera ter a real liberdade não só de pensar, mas de por em prática ações construtivas.

Não vou aqui levantar bandeiras e plagiar idéias que se perderam. Mas, enquanto houver espaço para escrever continuarei prometendo acreditar não digo mudança, mas, compreensão da integridade da vida, para todos nós. Sem exceção.

Integridade para os que se armam e matam; para os que atiram como defesa; para os que caem e os que se levantam em favor do coletivo.

Imitadores


Escrevi há pouco, no meu outro blog,que os pássaros não posam para foto. A beleza real não está aí para ser copiada, retida num papel ou num arquivo da Web.

E vejo pássaros engaiolados, exemplo inconteste da nossa ação predadora, alimentada pela obstinação de prender o que é belo.

Imitadores da arte, recriamos. Pincelamos com nossos anseios, dúvidas, angústias, medo, busca do prazer, o arco-íris artificial enlatado. O artista é o pincel dele mesmo.

Quando quase completos diante da exposição emotiva, continuamos desdenhando. Hoje, eu sei que ao tentar retratar no texto, o que considero trabalho plausível, estou mais uma vez, embotando a riqueza do verso.

Imitadora, persigo insistentemente surpreender, ser agradável. Enquanto isso, continuo desdenhando da lei natural da vida. Da beleza que somos.

De onde veio tal inspiração, mesmo? Pode perguntar. É só mais um domingo, de silêncio na casa, embora curto, voluptuosamente curtido, apesar do barulho, levemente filtrado de uma mente, que já foi ensandecida pela vaidade de escrever.

A propósito, como isso me atrapalhou!

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...