A vida não é uma droga


"Olho por olho, dente por dente". As leis mosaicas ainda estão em vigor. Foi o meu primeiro pensamento ao tomar conhecimento das brigas de gangues no país. Mas, isso era lá no Rio de Janeiro. E como sempre, penso que a violência não me atinge.

Mas, será mesmo? Você que me lê agora, conhece algum bairro da Cidade em que não haja jovens iludidos se drogando? Que não haja outros vendendo drogas? Me apresente, por favor.

O lance é que ele não percebe que enquanto traga o seu cigarrinho, milhares estão morrendo por isso. O preço é altíssimo! A violência existe porque nós a alimentamos.

Não vou falar aqui em impunidade. O caso é policial, mas não compete somente à polícia resolvê-lo.

Os psicólogos de plantão já fizeram o perfil do usuário. Os sociólogos também apontam os seus argumentos. Os religiosos apelam para a espiritualidade. Todos tentamos encontrar uma saída para conter essa onda cinzenta que nos cerca.

Como toda erva daninha, o vício se espalha com vigor. A facilidade de encontrar também. Enquanto isso, que tal tentar buscar o maravilhoso onde realmente está, dentro de cada um de nós?

Há várias obras nos chamando para a beleza que somos. E também são muitas tratando do tema em questão. O que acabei de ler "O mundo só é uma droga para quem se droga no mundo", de Randal Juliano, ajuda a esclarecer.

Ai, que saudade do tempo em que a palavra droga era apenas uma expressão de desgosto ou de raiva: - "Droga, errei de novo"! e ai de mim se dissesse: -Ora, que diabo!

Não tem brigadeiro no céu



Nada melhor do que estar fora de um problema. É este o sentimento com relação à crise que atinge os aeroportos do país. Céu com tráfego livre, mas todos em terra. Os controladores resolvem deixar todo mundo fora de controle.

E sabe o que acontece com quem fica esperando por quem não veio? Estresse. Malas na mão, crianças no colo, biscoitos devorados como último prato do mundo; pessoas dormindo no chão. Gente, isso lembra tudo, menos um aeroporto.

A polícia, que nada tem a ver com isso, é chamada para conter os ânimos. Oh, chavão. Perdoa aí, tá? Mas, quem consegue ficar feliz assim? Eu detesto esperar. Fico maluca.

Por toda a minha vida assisti à indiferença dos patrões com relação a nós, trabalhadores, sobreviventes do salário baixo. Fico imaginando como seria a minha vida, se todos os dias tivesse um plantão maluco e,como função, garantir a vida de milhares, que cortam os céus.

Um cochilo, uma distração, e lá vem o desastre, a tragédia de conviver com o crime. Isso lá é vida! Quando nos sentamos no interior de um avião pensamos no tempo curto do percurso e curtimos a atenção dos tripulantes. Gente bonita, simpática.

Eu não penso nos problemas que eles possam ter. Imagina, gente que vive no ar por opção... E quem aí se lembra dos controladores? O máximo que a gente pensa é sobre quem está mantendo o avião no ar. Ou seja, os pilotos.

Sabe o que eu faria? desistiria. Voltaria para casa, pediria para alguém me ligar quando tudo estivesse resolvido. "Ah, mas não pode, é uma emergência. Precisa ficar à espera de um vôo que pinte na última hora".

Ninguém me segura. Vou para casa esticar-me na minha cama box comprada em suaves prestações. Leia-se dez meses.

Sem pressa para voltar


Poderia passar por despercebido, até esquecer. Mas, quem esquece o inusitado? Ontem, alguém desejou a um colega de trabalho, "feliz dia de finados". Não é piada, mas deu pra rir.

Rir é uma faculdade que tenho em ação desde cedo. E foi fácil porque não irei ao cemitério reclamar presença na minha vida a alguém, que se mudou por um tempo da Terra.

A minha filha Érica me perguntou se eu faria questão que ela fosse ao cemitério "visitar-me". Lógico que não! Não peço aos outros o que detesto fazer. E também porque não estarei lá. Não suporto ambientes fechados por muito tempo, sem conforto e com um calor dos diabos.

Tenho certeza que aproveitarei a oportunidade para viajar. Não sei quando voltarei porque ao me despir do corpo, também me despeço dos compromissos terrenos. Vou aproveitar, pode deixar.

Voar sem me preocupar com as parcelas mensais da conta da passagem. Sem ter que ficar na fila de espera no aeroporto; sem curtir os solavancos do carro de encontro com os buracos da estrada. Sem ter que consertar a alça da mala, separar roupas.

Não mais ouvir a mocinha e o mocinho da cobrança repetindo o meu nome completo. Varrer, lavar, cozinhar... Só não irei gostar da despedida.

Antes que você me considere inusitada, acompanhe o que Luís Câmara Cascudo fala sobre o dia de hoje.

Sonho de jornalista


Tive a oportunidade de ver e ouvir na TV Cultura do Ceará, o colega de profissão, Ricardo Kotsho, ex-secretário de imprensa do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Puxa, que maravilha! Ele é o jornalista dos meus sonhos.

Nunca foi demitido, saía da empresa sempre por razões de princípios. Quando não concordava com a política ou politicagem da empresa em que trabalhava, pedia as contas. Nunca ficou mais de um dia desempregado. Realmente é o profissional dos meus sonhos.

A pior parte da profissão é ter que sobreviver dela. Sabe aquele caso de amor cantado por Mario Quintana? O poeta observa que devemos amar sem depender e necessitar do outro. Nesta relação todos ganham.

Pois é, Kotsho afirmou com firmeza peculiar que não teme perder o emprego. Eu confesso que trabalhei por um bom período assim, até que um dia fiquei fora do mercado. Não voltei a trabalhar por amor, agora havia dependência. Trabalho para sobreviver. E quer saber? Não me sinto constrangida em admitir.

Diz ainda o meu colega que não admite modificações na matéria. Correto! Absolutamente correto! Fiquei cismando, outra vez, cara eu quero viver essa realidade. Juro!

Lembro que por muitas ocasiões, bati pé. E como! Mas foi aí que a minha guru, permita-me a licença no texto, Adísia Sá, me fez eticamente filósofa de ocasião. Vi que o pensamento é meu e os princípios também são. Se o corte vem lá de cima, não sou eu quem segura o facão.

Assumi compromisso de nunca me autocensurar. Ah, isso eu tenho feito sempre.

Que bom saber que não estou sozinha. Enquanto isso, no nosso mercado de trabalho.

Sintoma musical


Olhar o passado não é, necessariamente, saudosismo. É a busca de base para formar argumentação. E no setor música, faz-se muito necessário.

Vi no O Povo , que há 30 anos visitava a nossa Cidade, o grupo Novos Baianos. Agora, assumo: que saudade! Comprei uma coleção da seleção Reader's Digest só porque tem lá a excelente escolha: Sintonia

Remexer no baú é um risco porque nem toda emoção está resolvida. É uma caixa de surpresa vivenciar, com tanta intensidade, sentimentos vividos, porque continuam vivos.

E ter saudade, na verdade, é não matar aquela porção de vida nossa.

Quero aproveitar a oportunidade para lançar o meu protesto contra o barulho, que em muitos momentos, sou constrangida a suportar. Mas, como altruísta, sei que essa onda também vai passar. Afinal, sobrevivi a tantos outros.

"E é neste vai e vem que a gente se dá bem". Continue cantando aqui.

O dia seguinte


Não sei se por cansaço ou por maturidade, mas já não gasto energia e nem tempo com certos comentários. Fico ouvindo até que a caixa se esgote. Digo, paciência. Há pessoas, que realmente, sabem comentar. Essas eu tenho apreço. No entanto, outras, faço questão de desligar-me.

O dia seguinte é sempre um mar de murmúrios. E no dia que sucede a reeleição de Lula é possível nadar no oceano de falação. Aproveito para destacar o que o ouvido capturou e o cérebro filtrou:


"O Lula ganhou porque não tinha adversário.
O Lula de novo, é piada! oh paíszinho...

Não sei, não quero saber. Não votei neles.
Eu votei de primeira, mas de segunda...

É Lula de novo, quem mais pode pensar nos pobres?

Também, queria o quê? Não temos outros é todo mundo igual: é tudo... Que surpresa que nada! As pesquisas quebraram o suspense."

Fiquei cismando, enquanto lembrava do cochilo que dei, diante da TV, no primeiro pronunciamento do presidente reeleito. Este foi por cansaço. Ou será que cochilei, de novo?

Quer saber? Deixa o homem trabalhar.


É provável que amanhã, eu queira modificar este texto, mas, como José de Alencar uma vez sentenciou "toda obra pertence ao seu tempo", eu elaborarei outro, com notícia do dia.

Afinal, texto é do momento criativo e das razões, enquanto que o escritor, é obra inacabada, sempre em mudança.

Ainda bem. Eu não saberia conviver com a Fátima de ontem.

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Eu precisava destacar a capa da edição de hoje do Jornal O Povo. Com um olhar de soslaio, capturei a imagem, logo que entrei na padaria, bem cedo.

A imagem- manchete me perseguiu enquanto conferia o valor do pão que a máquina registrava(estou pagando mais depois da Lei que obriga pesar o francês).

Mentalmente, pus um ponto de interrogação na frase: "O que virá depois de hoje?"

Confesso, que naquele momento, eu quedei e desejei, no fundo do coração, não ter que tomar decisão. Depois que virei gente grande fiquei assim: em muitos momentos, sonho com o retorno à infância, para não ter que bater o martelo.

A decisão assusta, principalmente, quando você se dá conta do quanto vai influir na vida das outras pessoas. Puxa, que responsabilidade! - refleti com o saco de pão na mão, o leite na outra, a espera do troco.

Com as moedas na mão, senti que alguém me mandava um recado. Mas, qual? Eu não entendi ainda. Deus me ajuda! Apressei o passo e procurei proteção em casa, enquanto os pensamentos continuavam me assaltando.

Votar é uma grande aflição.

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...