Magreza, rima, mas não é beleza


Já deu para perceber que desgraça não anda sozinha. Agora são duas mortes causadas pela anorexia, nome mais ou menos chique, para falar sobre algo que o interior nordestino conhece como ninguém.

Todo mundo magro, ou melhor esquelético para estar na moda. Eu já disse aqui que somos ilógicos, e torno a repetir. Fico me perguntando quem começou com a exigência da magreza, responsável pelo sacrifício de tantas meninas, que sonham com o sucesso.

Não há dinheiro que pague o sacrifício da fome submetido a elas.

Eu cresci sabendo que não há comida em casa se não tiver renda para isso. Essa seria a lógica de mercado. E quando há dinheiro suficiente e a pessoa não come?

Mais uma vez, cobro da mídia espaço para falar de coisas construtivas como programas de alimentos desenvolvidos por nutricionistas. São esses profissionais que levam a sério a necessidade do corpo, mas que, na maioria dos casos, só são procurados pelos que já cometeram vários pecados contra si e quer fazer as pazes com o organismo.

Considero que esse é o momento oportuno para darmos feição diferente às inúmeras propagandas de produtos milagrosos, que emagrecem em poucos dias ou algo semelhante. E no lugar desse apetite descomunal do lucro das empresas, seja priorizada a vida. E há como fazer.

O Senai e o Senac, por exemplo, praticam educação alimentar, sem que para isso seja necessário gastar dinheiro. E sabe por que? porque utiliza o que a gente, todos os dias joga fora. Apesar da importância vital, o programa só é veiculado em TVs educativas, aquelas, que não dão "ibope", por absoluta falta de estímulo.

Quer saber se estou revoltada? Eu diria que não. Eu estou estupefata, para ser sincera.

Na foto acima, Carolina Reston, modelo que morreu de infecção generalizada, conseqüência de anorexia nervosa.

Ser jornalista é um fato


Eu jamais entraria num hospital, colocaria luvas, máscaras, e de estetoscópio no pescoço sairia "consultando" e examinando pacientes.

Também não iria ao fórum representar alguém vítima de calúnia ou autor de crimes.
Como também não iria "desenhar" um prédio e comandar obras arquitetônicas.

E ainda, não iria colocar a toga e proferir sentenças.

Agora, qualquer um desses profissionais, desde que se entendam com as letras, podem tomar o meu lugar no mercado já estrangulado da comunicação.

Aff!!!

Perguntas que não calam


Estava lendo blogueisso e vi interessante texto que Roberto traduziu.
Fala sobre cinco perguntas dificeis de responder para a mulher:
1.O que você está pensando?
2.Você me ama?
3.Eu estou gorda?
4.Você acha que ela é mais bonita que eu?
5.O que você vai fazer quando eu morrer?

Como mulher, me coloquei no lugar da possível interlocutora. Essas perguntas, que não querem calar, acontecem quando a relação está por um fio.
Sabe, aqueles momentos em que pensamos em continuar junto a uma pessoa que aos poucos está se tornando uma estranha?

Aquela pessoa que limitou tanto as frases, que se tornaram antipáticas para responder. Sinal de que, apesar de estarem juntas, não olham para o mesmo objetivo.

Eu sei , e falo de cátedra.

Não fiz todas as perguntas. E o se o homem soubesse, como são importantes
essas questões, com certeza, não responderia com desdém. Pediria um tempo para
responder. Isso, porque, com certeza, a pergunta tem uma razão de ser, e no
minimo, é porque o prazer de estar juntos já foi substituido pela forma
cômoda da dor de continuar.

Pra mim, as perguntas a seguir, são as que constatam fim de relação:
1. Aonde você estava?
2. Você jantou?
3. Estou saindo com uns amigos, quer ir?
4. O café não está pronto, ainda?
5. Pô, quer me controlar, mesmo?

Estes questionamentos, sem respostas minhas, já ouvi. Você acha fácil
respondê-las?

Espécies em extinção



Eu sempre me incomodei com gaiolas. Não suporto ver pessoas engaioladas, mesmo sabendo as razões. Devem ser seqüelas de outras vivências, paisagens, que me deixam profundamente tocada. E é também com o mesmo desconforto que olho para os pássaros em gaiolas, seres naturalmente livres, por isso alados.

Eu nunca entendi a razão de alguém tomar para si cativo, o que lhe dá prazer. Pra mim é morbido. As aves já nasceram libertas, ganhando espaço. "Olhai as aves no céu" já dizia o mestre, pois assim é o que determina o grande autor da natureza.

Reclamamos que os bons momentos são efêmeros, passam rápido demais, que o prazer é fortuito. É porque nós, também seres libertos, experimentamos a felicidade nos momentos de liberdade. Criar ou ler um texto gostoso é uma sensação ímpar, por exemplo.

E de repente, devido à ação nossa, esquecemos que a destruição é uma lei natural, acompanhando o progresso do ser vivo. O que não impede o pensamento de pedir socorro para as ínumeras espécies ameaçadas do Planeta.

O grupo ambientalista WWF alerta: cerca de 72% das aves estão ameaçadas por conta do aquecimento global.

Para muitos, o fato é apenas um processo natural que nunca os atingirá. Para esses, eu chamo atenção 'a realidade. Vivemos em ciclos e o que acontece em qualquer lugar, por mais que seja distante, nesta Terra, nos atingirá.

Apesar de a criação ser infinita e constante, não é menor a nossa responsabilidade. Quando olha para o céu, o que você espera ver?

Praias, pra que te quero


A caixa postal recebe tudo. E é uma excelente opção para quem quer propagar produtos e avaliar comportamentos sociais. Por ter mais de três endereços eletrônicos eu vivo sobrecarregada.

Também pudera! Há e-mail para tudo e o trabalho que tenho é marcar e deletar. Processava assim, hoje cedo, quando recebi e-mail de alguém solicitando-me que respondesse um questionário. Se fosse prova para seleção, com certeza, estaria perdida. O conteudo da “cartinha” era para que eu avaliasse o Beach Park. Não deu. Eu não conheço e por isso, respondi, amigavelmente: Oi colega, realmente não posso responder porque não conheço o local. A minha grana de jornalista, provedora de casa, não me permite. Mas, sabe que isso não me frustra? O lugar é para ricos.

Eu sei, eu sei que muita gente mais ou menos bem, e outros não muito bem vão lá de vez em quando. Adquirem o cartão que permite descontos... e essas coisas todas. Mas, tô fora! Eu não posso gastar num dia, o que me vale comprar ou pagar algo mais prioritário. Os meus filhos conheceram bem cedo ainda, através dos pacotes das escolas. Que também não foram baratos.

Lembro o tempo em que eu achava chiquérrimo ser sócia de clubes. Aqui em Fortaleza, os clubes representavam status muito maior do que hoje, que quase não se ouve falar. O Beach Park está nessa constelação: é o clube social da nossa época.

Ser sócia de clube já chegou a ser meu sonho, mas antes que eu desabasse por conta da falta de oportunidades, vieram as barracas nas praias. Ah, aí sim, eu já podia freqüentar e curtir tudo que tinha direito. Porque ser cearense e não curtir o mar, provar das delícias marítimas, é um desperdício. E a praia é, acima de tudo, democrática.

Mas praia também tem grife, gente. Eu sou adepta da grife que sai da prateleira e vai para o estoque. Afinal, qual é a mulher que não curte uma liquidação? E eu não permito que me digam o que devo vestir. Já pensou o quanto deveria, se assim permitisse? E também por que desperdiçar uma criação, só por conta da mudança de estação?

Mas o que eu mais quero ver são as jangadas do meu Ceará, levadas pelos fortes pescadores, que são capazes de vencer o desafio do mar, mas que sofrem terrivelmente em terra. Vejo que as características da minha terra são ricas para empolgar as letras, o romance, mas não garantem a sobrevida.

Ainda bem, que hoje sei que a verdadeira alegria, a verdadeira riqueza são os tesouros do coração.

Pelo livro



O que não é vendido, neste país, com recurso do corpo da mulher? Eu diria que são livros. Será que é por isso que tão poucos têm acesso?

E que tal se as mulheres de corpos reciclados, fantásticas, posassem nuas sobre livros, no apelo de que é preciso ser culta para mostrar o corpo? Não, acho que seria melhor, no apelo para mostrar que além de ser linda, fantástica, tem que ser culta.

Ou ainda, não olhe apenas para o meu corpo mas, descubra-me, imitando a esfinge? Ou seria melhor dizer, que além do que você vê, eu tenho muito a ser mostrado? E que tal os escritores sensacionais deste país, passarem por uma transformação? Alguém diria que isso é ridículo. E pergunto: quando não somos?

A beleza do corpo é uma cultura desvalorizada. Quando chega o tempo, nem a melhor tecnologia da plástica irá nos modificar. Então, que tal melhorar o espírito, de fato, e sair depois em busca de um corpo novo. Iniciar tudo outra vez?

Mulheres, posem nuas abraçadas a livros. Vocês vão agradecer aos excelentes escritores, aqueles homens e mulheres, que se trancam no poder criativo, deitando olhos no monitor para criar um mundo fantástico, presos a um quarto ou escritório, considerando que o daqui de fora está completamente nu de bom gosto.

Eu até gosto de olhar um corpo perfeito, quem não gosta? Mas, depois de algum tempo de papo, eu me pergunto se quando a resistência ao tempo cair, qual seria a obra imortal?

Se eu fosse primeira dama por um dia


Li há pouco, no O Povo, que o presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo(PCdoB) vai assumir a presidência do país, na próxima segunda-feira.

Repetindo o que fiz domingo, passado, vou me vestir de primeira-dama, de novo. Só que desta vez, é só por um dia. Mas, iria entrar na história, mesmo assim. E um dia é muito tempo para se ocupar um cargo tão ventilado, tão mal falado, tão importante, tão...

Já na véspera, eu não me ocuparia de espalhar a notícia, esse papel já coube à imprensa . Tudo bem, então. Mas, o que faria mesmo? Sentada e centrada em mim mesma ficaria cismando o que poderia fazer uma primeira dama de um dia, apenas?

Será que me entrevistariam? O que diria? Seria melhor ficar calada e dar um tchauzinho e sorrir. Ah, isso seria muito bom. E se me perguntassem com relação ao fato histórico do meu marido ser presidente 24 horas(lembrei da série da Fox, agora). Mas, claro que é história. Outro comunista já teria assumido a direção do Brasil?

Acho que não! mas é melhor verificar. Pensando bem, iria precisar de um assessor. Vão falar mal de mim, por conta disso? A imprensa é tão cruel, às vezes....

Conhedora das dificuldades da minha Terra, aconselharia, na intimidade, que ele(o presidente) visse alguma forma de minorar a vida dos mais necessitados. Mas, daria tempo?

E se ele pudesse, por decreto, ou seria Medida Provisória, instituir o fim da pobreza? E se eu pudesse visitar todas as favelas, todas as ruas esquecidas dos órgãos governamentais? Será que daria tempo?

Vinte e quatro horas passam tão rápido! Será que ele olharia para mim? Conversaria comigo? deixaria escolher o seu melhor terno? Tomaria café comigo? Almoço, nem pensar! e o jantar, convidaria algum amigo para compartilhar?

Como seria a emoção do meu marido, presidente 24 horas, ao entregar o cargo? Ele me abraçaria pela manhã?

Puxa, que cargo complicado, até imaginá-lo por um dia, já me deixou estressada e também curiosa. Fuçando na Net, veja o que encontrei. E pois não é que descobri que existe algo em comum entre a minha imaginária vida e a realidade? Olha aqui.

Percebeu?

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...