Papo etílico


Não tem como evitar: o ano está chegando ao fim. Receitas para iniciar o outro, com melhor performance, não faltam. No menu das festas fartas ou não, o álcool marca presença.

Se duvidar, até o salgadinho inocente que você vai comer, desafiando todos os conselhos de nutricionistas e os adeptos da magreza, tem cachaça. É para dar o tom da massa.

E a gente já começa a ver na TV aquele velho slogan: se vai beber, não dirija ou de for quiser, se vai dirigir, não beba. Você conhece alguém que segue esta "norma"?

Argumentos para colocar álcool no dia-a-dia também não faltam: um encontro com amigos, a confraternização, a despedida de solteiro(a), o casamento, o aniversário, o batizado, o tanque do veículo, dentre outros.

O consumidor, com certeza tem muito a ver com a expansão da indústria do álcool e açúcar. E, antes que comece a comemorar passe aqui.

Confraterniza(ção)


Pronto! chegou dezembro e a ordem é confraternizar-se. Quem você convida para um encontro festivo, de despedida de ano e para cultuar a amizade? Este é um período preferido. Curto as luzes que se espalham na cidade. Se as árvores e plantas decorativas são verdes festivas durante o dia, à noite, elas imitam o céu e se tornam estrelas.

Há no ar um certo toque de magia torcendo pela busca da paz. E como estamos agora, diante do incentivador, do revolucionário mundial? Como estamos nos entendendo com o lobo mau e lobo bom da mente?

Não cresci em reuniões natalinas. Familiares sorridentes, envolvendo-me com simpatia e presentes. Eu, como já disse, conheci Papai Noel há bem pouco tempo. As luzes da minha infância fugiam da especulação da maioria. Cresci buscando-as, porque sempre acreditei que poderia chegar perto.

Hoje, curto as luzes que piscam sem parar num apelo ansioso de boas-vindas. As cores num arremate de alegria, nem sempre contagiante, mas que nos constrange a ver o mundo diferente.

Há quem diga, que neste período, a Terra cansada de tantos maus tratos consegue ter suavizada a psicoesfera. São apenas alguns dias, mas tem todo o seu valor porque Deus não nos fez inútil.

Estou ensaiando a confraternização interior para depois transcender e exercitar a irmandade planejada. De presente quero um futuro melhor. O caminho para uma vida simples.

O curso da fala



Estava falando sobre discurso nosso de todos os dias e alguém,
defendendo autoria de sua fala, me informou que sempre patenteia as frases. E saiu citando algumas delas, as quais não exponho aqui por absoluta falta de permissão. Não que ela tenha negado, eu não cheguei a pedir.

Fiquei, como sempre, cismando. O que de fato me pertence quando falo ou escrevo? Se utilizo palavras usuais, fatos corriqueiros e bisbilhotados, e rara exceção, algo inusitado e do desconhecimento da grande maioria? Lamento não ter feito a cadeira, que põe luz sobre análise do discurso.

Quando escrevo, também sou leitora. E sei que nem sempre sou fiel ao
primeiro pensamento manifesto. Antes, passa pelo crivo da razão em busca da
lógica e, principalmente da aceitação.

É preciso ter zelo quando se escreve na rede mundial de informação. A preocupação não se restringe apenas a quem deve atingir, mas, (ressalto), o autor.

Esta introdução é para apontar alguns exemplos de discursos que marcaram a história nossa. Mas, sem dúvida este, foi o que nos transformou e vai nos transformar sempre.

Para dobrar o sino


O que você quer ganhar do papai Noel? Esta pergunta nunca foi feita a mim. E, se alguém hoje se atrever a me perguntar, com certeza vai ganhar uma gargalhada como resposta, seguido de um eu cresci, sabia?

O fato é que são muitos os presentes e dádivas que espero receber. Aliás, todos, sem exceção, esperam ser ouvidos, olhados, abraçados e lembrados. O mês de dezembro é pequeno e a noite de Natal tempo pouco demais para se atender aos chamados.

Neste período, o comércio fica de olho no décimo-terceiro, que já foi gasto pela maioria. O meu, está quase indo embora. E não será utilizado em presentes.

Há quem se alegre e se comova nessse período, querendo compensar o tempo na dedicação dos abandonados, os órfãos da sorte. Outros, abraçam a depressão. Alegam tristeza, uma certa saudade, uma melancolia sem argumentos visíveis.

Enquanto isso, os sinos continuam tocando num convite 'a necessidade de paz. Esta sim, será a nossa maior conquista. Mas, enquanto o melhor presente não chega, o namorado não vem, a mesa não fica farta, a promoção não sinaliza, vamos conciliar as idéias.

Vamos permitir extravazar o lado bom tão pouco usado. É o momento de se respirar, libertar-se da angústia, que o egoísmo provoca. Olhar pro outro e reconhecer, que também alimenta os mesmos sonhos.

Doutor da leitura


Foi uma festa para os meus olhos, sentimentos e memórias incontidas. Revi e previ a vida daquele garotinho sorridente, enlaçando a cintura fina de uma
menina de olhos brilhantes e de sorriso constante.

Parei o tempo ( a gente pode fazer isso) e me deixei levar pelo momento mágico. A vida, realmente, é uma grande magia. É por isso que muitos de nós se perdem em conjecturas
loucas com relação à questão da sobrevida. Como se Deus fizesse algo improdutivo. Isso não é só descrença. É ingratidão.

Firmei o olhar e abri um sorriso, que se tornou perene para aquela par de olhos que buscavam aprovação nossa. Victor, meu netinho, colava grau e curtia a festa merecida pelo esforço do ano.

Na véspera perguntei-lhe se estava ansioso por conta do encerramento. Disse-me que sim, não queria estar, mas estava. Que lindo! Como lamento a falta de ouvidos para as crianças. Como elas são sensatas, ricas e deslumbrantemente professoras.

Na minha já vivida escola, aconselhei-o que apesar da ansiedade, curtisse aquele momento maravilhoso, pois era uma festa merecida e o sufoco já havia sido vencido. Ele concordou com aquele jeitinho peculiar de menino sábio e me abraçou. Outra magia. O abraço é assim. É aquele encontro de emoção que dispensa a voz para expressá-lo.

É provável que a primeira valsa de Victor caia no esquecimento porque outros ritmos fazem parte de sua vida e muitos outros serão apresentados para que faça a sua escolha. Mas, com certeza, o alicerce provocado por esse momento, vai sedimentar e lhe dar segurança do amor familiar.

Nós somos produtos do que fazemos hoje, mas antes disso, somos produtos do que recebemos, enquanto ainda muito tenro o nosso entendimento.

Cadê as brasileiras?


Estava olhando fotos de mulheres desnudas(eu prefiro este termo para não ser bloqueada) e não reconheço mais as brasileiras. Cadê aquelas mulheres lindas, morenas, mestiças?

Só vejo loiras com sobrancelhas escuras. Só percebo mulheres com busto acima de 42, média nacional, acredito que tenha sido por aqui, até a invenção do silicone. E os bunbuns? agora são malhados, empinados imitando formas de coração.

As cinturas, pelo menos sempre foram do tipo finas e isso permanece só que com exagero. Tem mulher retirando costelas para afinar mais ainda. É o que a gente chama de ser selada, nada a ver com animais, pelo amor de Deus!

Se for fazer uma comparação grosseira, a mulher brasileira de hoje, aquelas que podem pagar para se transformarem, diminuíram e empinaram as costas, suprimiram a barriga com lipo e retirada de pele e inflaram os seios. Daqui a pouco, não mais nos reconheceremos.

O incrível é que muitas das nossas crianças estão seguindo o ritmo do bisturi. Será que ninguém vai fazer nada? O que pretende a mulher plástica de hoje? Isso sem falar da boca, lábios mais cheios e não é herança da miscigenação! É silicone também.

E antes diziam que o humano iria se robotizar e as pessoas achavam isso ridículo!

Precisamos de correio


Estava há pouco falando com amigos sobre o avanço da tecnologia mundial. Como não domino o tema, limitei-me a deitar observações da vivência cotidiana. O consenso é de que, apesar de lentamente, também avançamos como pessoas.

Experimentei um grande prazer por ser contemporânea e de fazer parte desse avanço. Eu nada criei para estimulá-lo, contudo, participo dele ativamente. Saí do papel carbono, da máquina de escrever e hoje, se for o caso, não preciso sair de casa para trabalhar.

Atualmente, é tão fácil e rápido conhecer novas oportunidades de trabalho e de fazer amigos, o que nos permite crescer melhor. Percebo como somos coletivos e como sabemos lidar com o momento em que vivemos.

Até na paixão pelo outro, a tecnologia interfere. Na minha adolescência, que até hoje ainda não resolvi, o avanço tecnológico se fez presente. Naquela época, quem me fazia bater o coração era o rapaz vestido de amarelo, que suado,me entregava a carta do europeu com quem eu me correspondia. Legal, né?

E hoje, o grande amor da minha vida, eu conheci por meio de um clique no mouse. Viu como avancei e acompanho o progresso? Engraçado, é que como na adolescência, eu continuo me correspondendo.

A fantasia me leva ao tempo em que as mensagens de amor eram transportadas através dos oceanos. Penso na angústia que seria o retorno da resposta de palavras escritas com tanta afã. E se tudo naufragasse? Nesse momento, me visto de longo preto, insensível à água fria que me rega os pés, com os olhos marejados e perdidos no infinito, que dobra lembrando uma redoma, onde os meus mais íntimos anseios são abafados.

E hoje a gente começa e termina com um simples clique. Você se linka ou bloqueia. Mas, na verdade, o que importa é que o amor navega, voa, anda, flutua em qualquer transporte.

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...