Você recebe o que vale?


Finalmente, o Congresso Nacional viu a reação do povo brasileiro. Normalmente, nós só somos conhecidos (se é que se pode dizer isso) na hora do voto. Esta é a nossa manifestação mais presente na política.

No entanto, agora, os congressistas estão experimentando forte reação do eleitor. Afinal, dobrar os vencimentos quando a maioria apenas sobrevive com salário de fome, quer o quê?

Eu também quero dobrar o meu, por que não? o que me impede? Só que para isso, eu teria que ter, no mínimo, três empregos. Bem diferente, não é? E eu conseguiria, no atual mercado estrangulado da comunicação? Duvido!


Choro da sanfona


A sanfona chora quando a intenção é alegrar o passo no ritmo e despertar o poeta. Há muito tempo estamos nos despedindo da música de qualidade. São os autores, criadores da melodia que se mudam em busca de aprimoramento.

Já disseram que quem não gosta de samba bom sujeito não é. Pois cearense que não reverencia a sanfona e as mágicas mãos que conduz o fole, precisa aprender a sivucar. Uso o termo, pedindo licença ao mestre do ritmo, Sivuca, que voltou à pátria espiritual.

Sivuca não se entendia apenas com a sanfona, também foi íntimo das cordas. E nessa intimidade, que só o talento favorece, brincou com o ouvido e brindou o mundo com a sua arte.

Rima pobre


Vamos rimar. Eu sou do tempo que poesia tinha que ter rima pobre. Pelo menos, esse era o meu entendimento. E lá ia eu, ensaiando as primeiras frases, descobrindo um contentamento incrível pelo sucesso que elas faziam entre os colegas de escola.

Frases bem boladas, bilhetinhos para o menino interessante da sala ao lado. Eu trocava por lanche (opa! Naquele tempo era merenda mesmo), livro, caderno, lápis. A cada dia mais requisitada, descobria como brincar com palavras. Realmente ler e escrever são a experiência de maior liberdade que se pode experienciar.

Participei de concurso de poesia. Um dia, caprichei na inspiração, mas a comissão descartou. Aí, me disseram que o impactante seria fazer coisas mais ou menos sem sentido. Ah, faz sentido, então vamos lá.

Busquei inspiração que veio de imediato. Na maior brincadeira, juntei letras e joguei à sorte o texto que mereceu o segundo lugar:

Ei, você aí, me vê? Então me empresta os olhos que eu também quero
ver.
Ei, você aí me ouve? Empresta-me os ouvidos que também quero ouvir.
Você fala? Empresta-me a língua que eu também quero falar!
Sentiu aí o movimento poético? Não está completa. Perdeu-se no tempo como toda palavra entregue ao vento. Para seguir os meus momentos de poesia confira o outro espaço.

Desabafo


As vezes eu penso de como gostaria de ser lembrada pelas pessoas com as quais eu convivi por um determinado tempo. Como sempre ocorre, eu viajo na fantasia. Crio personagens que interpretei por insistência do outro. Sabe, aquele outro que coloca em você o perfil sonhado, desejado e quer porque quer que você corresponda a isso. Aí, você deixa a identidade de lado e passa a viver o personagem ditado.

Com isso, tive várias facetas e não pense você que, por meio desse reconhecimento, eu tenha largada o palco e as experiências teatrais. Continuo interpretando, até mesmo quando não me dou conta. Quer ver? Por exemplo, quando me calo, mesmo louca pra falar o que penso, mas por conveniência ou mesmo conivência, não deixo a palavra fluir.

Quando não escrevo o que o pensamento manda, porque é de bom senso abortá-lo. Também quando tenho que lidar com situações profundamente adversas; quando escuto grito de torcedores eufóricos, pra não dizer fanáticos , que são capazes até de matar pelo que acredita ser amor pelo time.

E para cada pessoa com a qual tive a oportunidade de conviver serei um dos personagens cheios de falhas. Não correspondi ao modelo plasmado por ela. Traí a confiança; desiludi; rompi os códigos da boa convivência.

Mas, tem alguém muito sábio que me conhece e vai reconhecer-me na lembrança. Aquele que em nada interferiu na minha vida, apenas me permitiu ser, em algumas oportunidades, explosiva, noutras serena. Em outras, amiga, fraterna, de lua, sorridente, irascível, doméstica, society.

Mas, que eu lembre, estou vivendo a minha melhor fase. Já consigo ver em algumas situações, o X da questão. Esta letra, uma vez encontrada, tem me facilitado o discernimento diante de tanta porcaria que o homem alimenta.

Permita-me não citar a porcaria. É óbvio.

Arruma que a gente volta



Eu não tenho histórico boêmio tendo como lugar a Praia de Iracema, mas sou solidária a quem vive lá e, por isso, defendo o direito de ter de volta o lugar paradisíaco que foi.

Não vou questionar o que afastou as pessoas do lugar. Alias, nós somos fatídicos: costumamos destruir o espaço que ocupamos. O que é lamentável.

Não vejo a Praia de Iracema como lugar que se vai para encher a cara de álcool. Seria para encher de prazer entre uma lufada e outra de vento salgado. Um colírio para olhos cansados de paredes e de tela de monitor. Para expressar o prazer de estar vivo.

Estão matando progressivamente as nossas praias. A gula excessiva e sem respeito da verticalização. Eu não sou contra a construção de edifícios. Lógico que não! Mas Fortaleza tem muito espaço ainda para abrigar casas, apartamentos.

Em lugar de céu só vemos paredes coloridas, que querem numa tentativa vã, ocupar o mesmo espaço. Eu demoliria tudo! Traria o céu de volta com as suas estrelas para guiarem os pescadores de peixe, porque os de ilusão continuam destruindo a nossa Terra.

A Prefeitura acena com um projeto de revitalização. Seria para ocupar mais ainda a área? Tragam de volta o céu livre para o olhar, porque é a nossa seta esperançosa do caminho
que queremos seguir.

Se valer, aqui estou brigando pelo direito usurpado de moradores e frequentadores da Praia de Iracema, que encolheu tanto, que a maioria agora, chama de PI.

Justiça para pobre


A princípio, justiça é para todos. E todos são iguais perante à Justiça. A prática, nós sabemos, que nem todo mundo segue o manual. Digo, Constituição.

O Brasil é apontado como um dos países onde a Justiça é coisa de rico. O jargão é verdadeiro, sim. E não é só questão de opinião. O próprio Ministério da Justiça reconhece a realidade cruel.

Sessenta por cento do país não tem um defensor público, sequer. Mas não é por falta e desinteresse desses profissionais. Em junho passado, eles reivindicaram da União, criação de cargos e instalação de defensorias em cidades e municípios para garantir aos mais pobres, o acesso à Justiça.

Fico pensando o que está faltando para a expansão do serviço, digo melhor, do direito de cidadania. Já se falou tanto sobre isso, mas os resultados são tão poucos. Não tiro a razão de quem se desespera e vive a protestar contra todos.

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...