Morrendo de viver


Não nos preparamos para a morte. E, se analisarmos mais de perto, nem para a
vida. Sempre me mantive distante do assunto, mesmo sabendo da fatalidade. O
que faltava era estar a vontade para falar sobre o tema. Desde o princípio,
me entusiasmo com a poesia, mas mantive distância dos poetas que veneravam a
figura com a foice. Cruz, credo! Dizia.

Gosto de lembrar da minha infância porque o olhar de hoje tem um prisma mais
colorido. E como as fases são minhas e as lembranças também, faço nova
leitura e, desta vez, em cores. Pois a morte pode ser um tema arco-íris. Nada
de humor negro, mas para quem quer sempre se livrar do corpo, retalhando-o,
esticando, lipoaspirando, veja só que coisa boa saber que pode ganhar um
corpo novinho, outra vez!

Mas, como não sou dada a esse tipo de humor, o meu é escrachadamente
cearense, só que mais refinado (pra isso nem peço desculpas aos que não
são).


Morrer fisicamente também não é poético. Mas como poeta que sou,
quero retornar ao mundo espiritual sem dores. Sem despedidas porque não
conquistei a elevação moral para isso; e, muito menos, atropelada. Nada mais
antigo do que sucumbir diante da força da máquina.

Quero ir de repente, de preferência, sem planejamento(?) Apenas ir e ser
lembrada com muito risos. E sem velório, pelo amor de Deus!

O blogonauta supersticioso está pensando que estou adivinhando o meu passar
desta para melhor?

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