Presente dos Reis Magos


A tradição sempre nos enviará de volta ao passado. O mais interessante é que os fantasmas de antes não mais assustam, ou pelo menos, já tenho certas armas para enfrentá-los. Eu não sei porque estou iniciando os meus escritos assim porque o motivo das letras de hoje foi o canto, desafinado que dava gosto, de algumas vozes entoando o hino aos Reis Magos.

Eu já nem lembrava como se cantava pela madrugada a dentro, acordando os moradores da antiga Fortaleza. Eu sempre vi com romantismo os boêmios, que ensaiavam versos nas portas de possíveis conquistas, correndo risco de levar gritos ou até algo bem pior.

Estava insone, na cama, janela aberta curtindo o vento quase frio da madrugada cearense. Na dúvida, se ligava a luz para ler um bom livro, que não me deixo faltar, ou a TV, ouvi, de início ao longe, o canto aos Reis Magos. Duvidei, mais uma vez, só que desta vez, do ouvido.
E antes que eu julgasse porque alguém ainda tinha a idéia de repetir a ação, fiquei embalando as lembranças da infância.

O grupo de cantores jamais vai saber o prazer que me proporcionou. Quando menina, assustada na escuridão que me oprimia, auxiliando os fantasmas que insistiam em me perturbar, sempre apelava à sorte, por alguém que estivesse acordado e com a sua voz, me oferecesse o pequeno mimo de segurança.

Pela Lei Divina, que graças a Deus não muda, as vozes iam e vinham e eu abraçando o travesseiro que me pareceu mais aconchegante, me vi menina outra vez, sem preocupação de contas a pagar, desemprego à vista e pela insegurança na Cidade. Apenas, sonhando com os olhos semi-cerrados com o advir, porque sempre plantei esperanças.

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Se deixar, o vento leva!

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