Lembrar sem saudade


Eu tenho a forte impressão de que as lembranças não devem ser interpretadas como saudade. Aquela dor, que por maior que seja, não consegue preencher o vazio da distância sentida. Lia sobre o sentimento num texto enviado por uma amiga.


É esta a sensação que tenho da redação e dos estúdios da rádio AM do Povo. Acredito que este seja o último post sobre a emissora. Porque de agora em diante, vou me ocupar de outros temas, deitar o meu olhar sobre a Cidade, sobre o meu bairro, a minha rua, a minha casa, e sobre mim.


Não que seja por falta de argumentos, eu sempre vou lembrar daqueles momentos preciosos, mas sem dor nenhuma porque até onde sei, fiz a minha parte. Na briga contra os ponteiros do relógio ditador, o sufoco exigido pelo trabalho sempre nos provocava risos. E fazíamos da redação o nosso nicho para crescer, fortificar e informar com qualidade.


Havia programas outros em que o riso era o móvel dominante. Noutros, a seriedade se fazia sentir. Fui repórter, redatora, produtora, apresentadora e até radioatriz. Imagine, só. Ao lado de Eugênio Stone e de Valéria, que se consagrou com a personagem Rossicléia (à época ainda não estava em cartaz), levamos ao ar estórias argumentativas em programas de cunho educacional.


Ao lado de Adísia Sá, a mentora de todos nós, encarei sem dificuldade e constrangimento as sugestões e críticas dos ouvintes. Ela como ombudsman e eu na direção da emissora. Foi com a nossa mestra que aprendi a fortalecer o meu caráter ético na profissão.


Lembro que Adísia sempre me socorria quando, diante de situações adversas, a dúvida me consomia. A professora costumava dizer: eu não faço concessões. Ou: não tenho saudades. Sempre me dou por inteira. Vivo intensamente o momento, a situação. Sigo o modelo e vou adiante, recordando os amigos, a amizade sem melancolia.


Aos meus companheiros, um abraço virtual, mas uma energia real. Muita luz!


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