Dignificando


Participei de uma discussão interessante e oportuna sobre o trabalho, o limite dele e o repouso. Uma frase bem batida mereceu atenção : o trabalho dignifica o homem. Ah, tá, quem se habilita a perguntar ao assalariado, como ele se sente na sua dignidade?


Oquei, como expressa Maísa Vasconcelos, o ócio não dignifica e sabe quais as razões? A primeira porque não se faz nada pelo outro. Bem diferente daquele que trabalha o mês inteiro, suando camisas rasgadas - quando tem para usar - chega em casa, olha para a mulher e aquele monte de filhos com olhinhos quase sem expressão e diz mulher, isso não pode continuar.


Aprendi desde cedo que me considero mais digna quando como, durmo, a cordo e sei que tenho um lugar para ir trabalhar e que ao final do mês, sei que vou voltar ao supermercado, que vou continuar com acesso à água, luz e telefone.


O país ainda amarga a escravidão. De vez em quando surge nos noticiários informações dando conta de trabalhadores que vivem no cruel regime. E não só brasileiros. Vi recentemente que nós também maltratamos estrangeiros, como os bolivianos que vêm para cá, em busca de melhores dias, sendo submetidos ao trabalho exaustivo e com pouquíssima renda.


Ainda usamos irmãos nossos como degraus na escada do que chamamos de sucesso profissional. Puxa, como necessitamos de uma nova leitura para o manual de convivência humana. Eu não estou revoltada, muito menos indignada, só vejo com muita distância ainda, o sucesso do homem na Terra.
Pra mim, dignidade começa na escola, razão pela qual destaco aqui o educador Paulo Freire, pernambucano que conheceu a miséria bem de perto e promoveu a inclusão - palavra batida - mas tão necessária para nós.


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