No tempo do faz de conta


Vi no último domingo, na rede Record, o doutor Beleza, cirurgião plástico que renova corpos humanos nem sempre cansados de guerra.


Nessa briga contra o tempo, o que se ganha mesmo? Mais tempo?


Depois de uma recauchutagem, eu quinquagenária, exporia a figura numa boa, ou cobraria ingresso? Para ter lucro no investimento, usaria os populares com toda a franqueza que o virtual interessado mereceria e assim escreveria:


A ordem agora é fazer de conta: faz de conta que o tempo não avança e não me torno mais velha. Que os meus seios até cresceram! Veja agora uso 46, contra centímetros a menos na cintura. O meu bumbum também está lá em cima, firme, duríssimo, imitando uma pêra. Muito desejável.


Meus braços, agora musculosos, desafiam o tempo e a gravidade. As partes internas da coxa fazem inveja aos atletas mais aptos e as panturrilhas perfeitas, enfrentam o salto com harmonia.


Em tempo estou com 52 anos e sou a maior enganação. Só peças de reposição.


E aí, vai encarar?


Nem sei se teria condições psicológicas para conviver com alguém que fizesse de conta que me aceitasse assim. Por enquanto, estou com e em tempo de querer mudanças, mas internas. Aí, realmente, tento encontrar o belo.

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