Quatro estações


Estou entrando na primavera. Foi no momento certo que as flores e os frutos chegaram. Foi logo após o outono, momento em que me despi das folhas secas, do ranço, das lembranças que mais destruíam que fortificavam. E aí veio o inverno para encharcar as emoções e lavá-las.


Há pouco falava com o móvel da estação colorida. Costumo pensar que, apesar da individualidade do sentir, possuímos certos botões que necessitam ser digitados. São tantos que esqueço. É nesse momento, que alguém chega e me cutuca a idéia para acender todas as luminárias dormentes.


Se você vier me perguntar (parece letra de música) quando foi que me toquei, não saberei dizer. É tudo muito sutil como só o pensar sabe fluir, conhecer e identificar o caminho das idéias. E vou nesse trem carregado de sugestões, agradecendo por ter vivido todas as estações.


Já fui chuva, me responsabilizaram por transtornos, esquecidos de que somos nós os genitores das condições favoráveis. Dispensada, percebi que como a água, participei da criação e gerei frutos. Deixei a "terra" pronta.


No verão, alegrando as cores, fui árida e deixei muitas pessoas assim. Agora, com licença porque a aridez também se manifesta rica: a luz é vital.


Já preferi plantas sem flores, vivia apenas a esperança de melhoras. Das flores esquecia-me diante dos espinhos. Da rosa vermelha, o sangue me despertava dor. Estava longe da paixão de que os poetas falavam.


Hoje percebo que a minha melhor estação é o outono.

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