Basta um trago


A propósito sobre matéria que acabo de ler no O Povo, lembro que comecei a fumar ainda muito cedo por admiração à uma amiga de minha mãe, que considerava chiquérrima. Ficava fascinada com aquela fumaça reta que ela soprava com muito charme, mostrando prazer no hábito.


Também me encantava ouvir - por trás da porta porque menino não ouve conversa de adulto - e ver que entre as palavras a fumaça se fazia presente, numa obediência que fugia à minha compreensão e, por isso mesmo, tentadora.


A primeira vez foi num banheiro mal cheiroso, ambiente propício para um vício. O cigarro sem filtro deixou um gosto amargo e um misto de frustração e medo, muito medo. Naquela época eu recebia mais pancadas do que carinho.


Mas não desisti. Precisava deixar de ser aquela menina boba para ser uma mulher atraente, inteligente e insisti, correndo todos os riscos possíveis. Foi uma grande surpresa ao ler num informe religioso que o homem se contamina pela boca.


O recado recheado de boas intenções não me sensibilizou. O desejo de ser grande era mais forte.


Por isso, os números não impressionam os jovens. As estatísticas estão longe do desejo de se transformarem em algo forte. Nós somos o que acreditamos. E todo garoto deseja o prazer que uma mulher linda pode oferecer enquanto sorve goles de bebidas espumantes e bem geladas.


O que é proibido para os garotos? São limites que o homem inventou para dizer a si mesmo que é um ser incontrolável.


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Se deixar, o vento leva!

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