Com prazer


Acabo de ler o livro revelador As Boas Mulheres da China, da jornalista Xue Xinran, que ganhei da minha amiga Fátima Vilanova. A obra é a reunião de relatos que a também locutora ouviu durante oito anos em que trabalhou numa emissora de rádio, naquele país.


Ao fechar o livro senti um misto de horror e vergonha por estarmos vivenciando situações tão escabrosas de desrespeito à condição nossa de humanidade. Ainda somos seres presos a estranhos instintos de conservação que, para sobreviver precisamos esmagar literalmente o outro.


A narrativa maravilhosa de Xinran tem a ver com o significado do seu nome: com prazer. Fiquei maravilhada por sua coragem de ser jornalista num momento em que o seu país passava por uma fase crítica. E como jornalista sei bem como nos debatemos diante de certas situações e como nos sentimos frustrados por não poder modificá-las, de imediato.


Conhecer a real história de repressão para Xinran, que também foi protagonista durante a sua infância, foi enriquecidor no momento em que os relatos comprovados colaboraram para sua também libertação das dores.


Eu sempre tive grande admiração pelo escritor, não só pelo artista que é, mas pelo desbravamento, sem invadir o cotidiano de seus personagens factuais, mas sobretudo, pela força da vontade de ir além.


Xinran também escreveu outras grandes obras que precisam ser lidas, dentre elas o Enterro Celestial e o Sol Cai no Tibete.

Um comentário:

Julio Sonsol disse...

A condição feminina ainda continua ridícula em muitas culturas. Sorte a nossa, que vivemos em uma democracia de gênero!

bjo

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  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...