Viver só


Enquanto apagava aquela ruma de e-mails - tem gente que não se contenta e entope a caixa como se não tivéssemos outra coisa a fazer do que olhar a caixa postal - pensei na solidão. Em alguém particular que se fechou - acredito - para o que tem fora de si.


Comecei a cismar sobre o que seja esse sentimento isolador e percebi que dói e, a proporção que permite expandi-lo, a dor intensifica-se. Mas, o que vem a ser solidão? Considerando que o sentimento é único, individual, como é que os outros o sentem?


Quando menina achava, pelos papos que costumava ouvir, que ser só é morar numa casa ampla, quando todos os familiares foram distribuídos nos caminhos de escolha. E já me via andando por corredores enormes, com portas amplas assinalando quartos solitários, cheios de poeira. Solidão era abandono, portanto.


Fugindo da tal solidão, buscava mais companhias de meninas para brincar, de meninos para imitar os heróis da TV, nos livros que me transportavam para outros costumes; e na escola onde aprendi a libertar-me da sisudez da ignorância.


Hoje, quando morar só é uma realidade iminente, percebo que não serei, necessariamente uma pessoa solitária. Porque assim já seria se tivesse feito opções, como fechar questão em tudo que penso ser correto; bater martelo, sentenciando o pensar sobre alguém; não dar ouvidos a quem quer que seja; enfiar a cara no monitor e viajar pela net sem passar um e-mail para uma pessoa querida.


Seria solitária diante da dor sem conceder o favor da palavra alegre; sem fazer a leitura de um texto que me aproxime de Deus, sim porque sem ele, a solidão é infinita.


Xô solidão! porque só quero ser solitária no momento de decidir o que é bom pra mim. Só quero estar só, acompanhada de um por-de-sol, com contextos de árvores, balançando seus frutos, numa promessa de vida infinda.

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