Cor da boca

Não vivo sem batom e nem quero saber quanto custa. Mas, na verdade, adoro os pacotes promocionais. Lápis nos olhos, rímel e batom amarronzado: pronta para ir à luta. Cara pálida ainda vai, mas boca pálida, nunca! Essa é a minha determinação desde a despedida da segunda infância, quando fazia farras com o batom de minha mãe.


Um dia quis saber a origem desse colorido mágico, que deixa o sorriso mais estampado. Fui ao Egito, identifiquei, mas nunca imaginei que esse seria um recurso para identificar mulheres de vida fácil. Também descobri que o uso da maquiagem escura nos olhos era usada pelos homens e significava respeito, evitando que fossem olhados por outros que não mereciam.


Como somos oportunistas no sentido de resolver certas questões que morrem com o tempo ou que se modificam de acordo com as nossas conveniências. Uma vez perdido o sentido, o homem transforma em lucro uma moda que se esvai na significância.


O batom pode ter várias interpretações depende de onde vai a sua marca. Se for num colarinho, é crise na certa. Lembro agora, que certa feita cismei de usar um batom avermelhado que não faz muita a minha praia, pelo menos, durante o dia. Estava num ônibus, de pé, e logo a frente um rapaz com uma camisa branca, bem passada. Num freio sem aviso prévio fui de encontro a ele. Pedi desculpas e tentei me equilibrar. Só momentos depois percebi que havia carimbado as costas do colega de coletivo.


A boca estampada era um insulto à brancura do tecido. O que fazer? fingir-me de morta ou contar? Decidi enfrentá-lo, temendo uma resposta de desagrado. Mas, qual nada! Ele simplesmente riu e disse que iria chamar atenção e causar ciúmes nos colegas quando descrevesse fisicamente a dona da boca vermelha. Homem tem cada uma.

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