Enquanto aguardava a minha vez de "pegar" uma matéria, olhava o recinto que nos abrigou. Tirei os olhos da tela do monitor e fiquei explorando a mesa improvisada que nos emprestaram, que era, na verdade, uma bancada para estudantes.
Marcas de uso como manchas de tinta de canetas e rabiscos que os adolescentes marcam território no início da exploração da paixão: Fernando e Flávia. A linguagem nossa tem sua razão de ser no momento em que nos desperta os sentimentos.
Bem diferente do que pensa a direção da escola, considerando o estudante um vândalo por danificar patrimônio escolar. Ali nos reservamos para espalhar pelo mundo afora o que dentro de nós grita por liberdade: o anseio do amar ainda semente, doido para explodir.
Quanta promessa encerram os nomes conjugados na moldura de um tosco desenho de um coração! Quanto cresce a alma desejosa da liberdade que só o amor permite.
Voltei no tempo, lembrando os meus momentos de grafiteira das paredes dos banheiros da escola, que eu fazia bem pequeno num cantinho para não chamar a atenção. Naquela época eu achava que pequenos delitos mereciam pequenas penas.
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