O que contam as cartilhas da vida. As primeiras leituras podem nos marcar por toda a vida.
Na última viagem a trabalho, conheci uma simpática senhora, que ao perceber que o nosso grupo, formado na maioria por mulheres, usando calças compridas - roupas que estão substituindo paulatinamente os vestidos- explicava porque nunca na vida havia usado calças.
Quando menina, disse ela, ao participar do catecismo na igreja da sua pequena cidade, leu a seguinte recomendação: mulher que veste calças é porque quer ser igual a homem.
Foi o suficiente para que o alerta banisse do seu guarda-roupa qualquer insinuação da tal vestimenta.
Diante do meu olhar de ignorância do solene significado, ela repetiu, mudando o tom, desta vez mais enfático: fazer o que o homem faz... compreende? Disse que sim, mas confesso que ainda não entendi e que a neurolingüística me desculpe, mas vou como quase sempre faço, alucinar:
Ser igual a homem teria o significado de fazer o que uma menina de família não faria. Ou seja, sair à noite, namorar, ter experiências sexuais, prerrogativa que somente aos homens competiria.
Acho mais plausível o pressuposto do sexo, porque quando menina, tudo o que dizia respeito ao sexo feminino era proibido, até inclusive, permitir que o pai desconfiasse de que estava menstruada.
Imagina, naquela época, mulher não menstruava, tinha regras. As minhas eram com muitas exceções, lembro bem.
Quando fiquei mocinha – era assim que se denominava as meninas na menarca - tinha medo de tudo , principalmente do sexo, reduto de tudo o quanto de ruim poderia acontecer à uma mulher.
Prevenções maternas aterrorizavam e me faziam olhar com receio até o homem, a quem tenho muito respeito: papai.
Acredito que tenha superado o medo porque depois de dois casamentos ainda me arrisco a um tentar um terceiro. O problema não é o possível companheiro é o meu jeito de ser, tão espaçoso quanto o fato de não ser casada permite. Sabe, aquele jeito de ser independente, que gosta de cola, mas que não quer ninguém colado?
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