Ser de casa

Ser dona-de-casa não se trata apenas fazer parte de uma denominação de palavras conjuntas. Ou ser aquela pessoa que já mereceu atenção especial e hoje, largada em residência fixa, se sente como a última mulher do mundo. Sim, porque o belo e encantador, que já lhe inspirou tons poéticos, agora deseja olhar para outras curvas, como um motorista descuidado, sem reparar na sinalização.

A mulher que casa - lá vem a palavra de novo - está além do que deseja ou aspira o homem que se pretende companheiro. Fora a rotina somada aos compromissos - as contas que se avolumam - é sempre a que deita o olhar sobre os objetos necessários para a manutenção da família, e a representatividade maior do atendimento fraterno.

Ou seja: além de ser a mais dócil do mundo para embalar o bebê, que acabara de sair do seu ventre, com todas as dores possíveis de se sentir, dar o seio como alimento, objeto de cobiça masculina.

Sim, tem que alimentar, mas para continuar linda e desejada tudo é preciso fazer para manter os seios em pé!! E isso só é possível com silicone. Idéia verdadeira para uma falsa razão.

É preciso ser administradora, secretariar marido e filhos, porta-voz, recepcionista - acolher bem os convivas - cozinheira, lavadeira, passadeira, ou ter uma grana suficiente para bancar outras donas-de-casas, que largam as suas em busca da sobrevivência em outras.

E ainda há mulher de casa, que não se sente a dona do imóvel por ser comum, encarando-se como uma pessoa inócua, sem valor algum. Já é hora de se olhar no espelho apoiada a um cabo de vassoura ou no teclado de um micro, como uma missionária. Razão se faz, porque procria, alimenta, administra, dar amor e inspira confiança capaz de manter em pé o homem mais cego que se pode conviver.

Em tempo: não é um desabafo. É um reconhecimento às irmãs de gênero com as quais convivo.

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