Retorno


Porque voltamos para a casa, todos os dias, ou o tempo que nos permite, necessitamos cuidar dela com carinho, com afinco e sempre. As vezes, pausas nos distanciam do lar, deixamos de olhar para dentro dos cômodos, não mais conversamos com o seu interior; aquele presente no dia do aniversário, esquecido em uma prateleira visitada pela poeira do esquecimento.

Aquela roupa usada uma única vez, encerrando marcas de uma festa nem tão feliz quanto à expectativa. Digital de alguém com sorriso apagado na despedida e brilho no olhar esvaído na suposição de um encontro que não houve. E sozinho depois no lugar combinado, apenas a tristeza a marcar presença.

Na alegria combinada no latido do companheiro cão, no balanço da cauda nervosa, sem cobranças, sem perguntar por onde andou, por que demorou tanto? Há um misto de prazer melancólico e de dor no retorno à casa. É por isso, que de vez em quando o olhar se perde para encontrar a lágrima da saudade que não se sabe expressar.

A casa é o lugar soberano, reduto das mais incríveis fantasias que se mostram, esfarelam-se diante da desilusão, atestamento da realidade sobremaneira.

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