Melindres


Tantas vezes bati o pé, refiz o caminho só para não seguir em frente como o outro fazia. Quantas vezes endureci a pele dos cotovelos no umbral da janela, só para não ter que sentar e ouvir o que o outro dizia. Tudo por conta da melindrada menina que insistia ser.


E quantas boas ofertas recusei só para não ter que dizer que tudo me era desconhecido e, por isso mesmo, não queria que o outro soubesse o quanto me dóia a ignorância. Mal sabia que tudo era teimosia minha.


Hoje, que bom poder dizer que continuo com melindres - frescuras de menina que está caindo de podre porque é tempo de amadurecer - mas, só que desta vez, refaço o caminho de mãos dadas ou pelo menos, próximas da do outro.


Uma das minhas queixas é a tal mania de não lembrar os nomes das pessoas com as quais convivo, pelo menos uma vez por semana. Normalmente dava um jeito de não demonstrar a tal "falha". Hoje, faço questão de dizer que não lembro o nome porque simplesmente não presto atenção na hora das apresentações.


Agora eu sei que os melindres ainda vão continuar me atrapalhando, mas lá dentro de mim, a luz que acende diz sempre: deixa de frescuras Fátima Abreu. Te alui mulher!

Um comentário:

Eduardo Andrade disse...

Amiga Fátima,
Os "melindres" são da criatura humana.
Bonito é reconhecê-los e externar o que se considera "falhas". O que o padrão social define como correto, necessariamente é o que podemos praticar sem nos agredir.
Seu texto é destemido e de uma beleza impar.
Parabéns!
Abraços,

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...