Dar ouvidos


Pregar castidade e sexo só após o casamento. Esta é a ordem do Papa Bento XVI temperando uma crítica severa aos meios de comunicação, que na minha opinião pregam o contrário o tempo todo. Aprendemos com o tempo de TV, jornal e revistas ( e que revistas) que a liberdade de imprensa é ponto vital para a continuidade da democracia. Até aí tudo bem, se o olhar for longo demais e superficial como nunca.


Mas essa liberdade se transformou com o tempo numa libertinagem que só tem contribuído para confundir a todos nós. É claro que não defendo a repressão, a censura. Estamos falando de bom senso, respeito e amor ao próximo. Quando escrevo, distorcendo a real necessidade de informar para formar opinião estou sendo tão agressiva quanto aquele profissional que se esbalda na criminalidade, sob o nome da liberdade de expressão.


É violência pura quando sou constrangida a ler, ouvir, ver e transmitir o desamor. É por isso que é tão esquisito e até inapropriado querer defender a pregação papal. Se for sob a ótica da liberdade conquistada(?) o papa estará falando sozinho. Mas, se ouvirmos a essência, inspirando a confiança em dias melhores, no amor na humanidade, é possível considerar obsoleto o discurso?

Por Cecília

No dia da chegada do Papa Bento XVI ao Brasil, no momento em que a nação católica se unia para comemorar a chegada do homem que se dedica a pregar união dos povos, chama atenção para a manutenção da vida se posicionando contra o aborto, eu vivi uma das maiores emoções até agora.

Ela veio bem antes do Papa, para ser exata, às 6h50min, com alarde e dor. Cecília, a personagem que veio edificar o sentimento materno da minha filha Érica, que sobreviveu às agruras físicas em defesa do parto natural, mas que ao fiinal teve que se submeter à uma intervenção cirúrgica.

Magnificamente corajosa suportou até onde pode para permitir que a sua primogênita viesse ao mundo sem traumas físicos.

Depois do susto, o sorriso aliviado e o prazer de poder abraçar um ente tão querido de regresso à Terra em busca de crescimento e da maturidade necessária para se desenvolver como um ser pleno.

Com o passar do tempo tenho me percebido mais serena, apesar de tudo. Ter 52 anos tem lá suas vantagens: descubro-me amadurecida e constato que a maturidade não me torna privilegiada. Tornei-me melhor aluna nesta escola maravilhosa que é a Terra e da grande lição que é viver.

Musicando


Você lembra da música que lhe embalava o sono quando criança? E do som que influenciava as suas ações na adolescência? A que lhe fez sonhar acordado, num misto de ânsia e medo, ao lembrar aquela pessoa que lhe despertou interesses novos?


A primeira música que dançou timidamente? Lembro a emoção provocada por todas elas. Quando menina, minha tia Almerinda cantava músicas que lhe despertavam saudade de um namorado que eu não conhecia.
Os sons da adolescência vieram em língua estrangeira que eu repetia os versos sem ter a mínima noção do que falavam, tratavam. Lembro que fiquei frustrada ao ler o conteudo naquelas revistinhas que estampavam as letras dos principais sucessos. Gente era mais infantil do que esperava.


Era um tal de mel com açúcar desandado. Mas, fui na onda e curti muito. A primeira que dancei em público, na festa dos 15 anos... Long Play - o velho LP - disco de ouro dos The Fevers, que saltitei feliz e repetia Agora eu sei, sei, sei.... Na realidade, eu nada sabia e nem desconfiava porque a letra era tão repetida.


A primeira paixão que aconteceu de fato aos 18 anos com o BG de My Mistake dos Pholhas, veja que título mais sugestivo. O que vale é que não me sentia assim. Na realidade, foi um acerto interessante.

Claro que ao término da relação, My Mistake fez jus ao nome. À época fiz por merecer o romantismo que estava na compreensão e hoje, não submeto ao jugo da maturidade, diminuindo a importância dos meus sonhos de então.

Segunda

Longe de ser o dia da preguiça, o primeiro dia útil da semana pra mim é tudo de bom. Levanto cedo, repito as cenas do cotidiano doméstico e vou ao trabalho.

Segunda-feira é dia de agradecer por ter sobrevivido a mais um fim-de-semana, que sempre é marcado pelos números da tragédia.

Por não estar em São Paulo, que teve a boa iniciativa de divulgar a cultura, mas que também foi palco de violência, como sempre ocorre com ajuntamento de pessoas neste País.


E por não fazer parte da lista de espera por um atendimento especializado oferecido pela saúde pública.E também por ser saudável e não ter que pagar somas acima do poder aquisitivo por um plano de saúde.

Uma amiga foi submetida à uma intervenção cirúrgica com sucesso, como dizem os médicos, mas quando foi marcar o retorno ao tratamento, foi informada de que só teria vaga em setembro! Como, perguntou ela, pago um absurdo por mês! Estou recém-operada!

Não lembra aquele de sempre, o nosso tão sofrido INSS?




O luxo vive!


Eu que fui criada com a ordem Viva o bucho e morra o luxo! experimento uma sensação gozada: um misto de espanto com entusiamo, após ler matéria de O Povo constatando o crescimento do mercado sofisticado no país. Dá pra entender?


E pelo que percebo, o crescimento desse setor não fica só nas regiões Sul e Sudeste do País. Curtindo as ruas de Fortaleza percebo que não reconheço a Cidade, que nasci e cresci vendo as principais avenidas de dentro de um coletivo.


Fortaleza hoje abriga o luxo. O que mais gosto dos bairros chiques é a limpeza quase que completa: não se vê com freqüência - também não costumo visitar com assiduidade os paraísos que abrigam a classe nobre da Cidade - montinhos de lixo ou até mesmo um papelzinho dançando ao vento disputando espaço com sacos plásticos, logo após a passagem do carro coletor.


Também não costumo ver carros - que nem sei pronunciar o nome - com o seu guiador constrangido diante de uma cratera tão comum na grande maioria dos bairros da Cidade. Puxa, o luxo é realmente uma experiência digna.


Carros blindados, roupas que não permitem o usuário ficar parado em uma esquina de localidade duvidosa, jóias que transformam a visão e tornam o olhar mais estrábico diante da miséria, e a maquiagem, verdadeira plástica triunfante diante do tempo.


Eu gostaria de experimentar um dia para ser mais fiel a sensação de ser um luxo.

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...