Morte da jangada



Estava lendo sobre o aniversário de morte do jangadeiro Jacaré e lembrei também que o símbolo do Ceará, a jangada, está aos poucos sendo deixada à margem do interesse.

A terra da luz, a cidade desposada do sol está para pedir o desquite. Não se fala mais em romances ao por- do- sol, casais com olhares de esperança, prometendo vida longa além da linha do horizonte.

A orla marítima que nos saudava com a brisa, temperando os nossos sonhos, hoje bate no paredão dos edíficios luxuosos para cearense apenas olhar e ficar imaginando quem está entre aquelas paredes.



E do lado de cá, no calçadão, as pernas estão de fora não mais para estimular a melanina, mas são as nossas meninas desnudas de fé em dias melhores, fazendo a festa dos gringos. Não é só para lamentar, é para cobrar ação.




O que diria Manoel Olímpio de Meira, nosso jangadeiro que morreu na praia da Tijuca, no Rio, na esperança do estrelato. O homem que conversava baixinho com as estrelas, que lhe ensinava o caminho do mar, sem curvas e sem farol.

Para não esquecer


Caminhamos muito para chegarmos até aqui. Como diz a marca ao lado, é preciso enfrentar o muito do equívoco - maldade mesmo - do que ainda somos e alimentamos.
Sem bandeira oportunista. Apenas ocupo-me em defesa da criança e do adolescente e também dos adultos que são abusados sexualmente.

Conjugando o verbo bedelhar


Eu até que já apostei no verbo que indica ação antiga e desconhecido em suas formas: bedelhar, que quer dizer intrometer-se, prática antiga nossa. Quem forma o bedelho, o intrometido? A vontade pura e simples de meter-se na vida do outro porque a sua não lhe diz respeito, precisa da atenção do outro(?)


É na bedelhação - permita-me o idiotismo - que muitos profissionais entopem as bancas de revistas e até garantem emprego para muita gente. Fico pensando no que poderia ocorrer caso as oficinas formadas por bedelhos célebres e céleres fechassem. O que seria desse mercado bestial?


Já disse aqui que fazer fuxico não é jornalismo. Me poupe! Mas, espanto-me em admitir que não desejo o desaparecimento do tal "profissionalismo". Ora, o que fariam os leitores ávidos do material? Estou insistentemente treinando a minha tolerância com relação ao setor.


Um amigo invisível já informa que não podemos julgar o outro porque não sabemos da sua verdadeira missão. E quem sou euzinha para chegar aqui e bedelhar a vida dos bedelhos? Vou continuar fazendo o que acredito: dar mais créditos à informação que educa, que faz crescer o entendimento de que somos seres especiais, apesar de nem sempre nos darmos conta.

Violência e adolescência


Hoje será mais um dia para se tratar da questão sobre a violência sexual contra crianças e adolescentes. Iremos, com certeza, falar sobre os números, alardear os casos escabrosos, nos espantar com a onda de agressões físicas, tentar obter respostas para os atos insanos e, ao final, lamentar as vítimas.


Para os institutos de pesquisas, a festa dos números nos empolga e transcende à nossa compreensão. Quase todo mundo que conheço - fazia tempo que não usava essa expressão - vive um trauma dessa magnitude.


Considero válida a demonstração das estatísticas e a resposta dos órgãos pela mídia. No entanto, quando o jornal acaba, eis o que vemos: demonstrações assíduas e constantes de outro tipo de agressão, que é a desinformação e os equívocos na telinha.


Amanhã, ainda estaremos estarrecidos, curtindo uma ligeira ressaca do que tem sido o homem até então.

Paraíso não se compra


Eu não defendo a ilegalidade... epa! mas o que é ilegal, mesmo? Quando iniciei este blog quase que fiz uma promessa para não sair bradando revoltas, críticas ácidas, contudo, com a flexibilidade a que me dou direito, de vez em quando é preciso jogar limão no leite condensado. Não para saborear a mousse, mas para sentir a realidade do mundo cruel ao qual muitos de nós estão presos ainda.


Este leriado todo é para comentar o que vi ontem na TV: os detentores de dinheiro invadem áreas de preservação, constróem casas fantásticas as quais não têm tempo para curtir. São lugares públicos, bens da União, transformadas em praias particulares, como o que ocorre em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.


Os ricaços desta Terra ainda não entenderam - e a compreensão está longe - que a riqueza é uma oportunidade que temos para tentar melhorar a vida do menos abastado, ou mesmo dos miseráveis. Há ainda a cultura do Ter acima do Ser. O homem criando leis e promovendo a desvalorização das próprias.


Isso faz com que o paraíso prometido continue longe de avistar, sequer vivenciar. Enquanto a elevação não chega, burlam as leis, ultrapassam o poder legitimado e com o dinheiro vasto sai comprando, corrompendo, usurpando e roubando (este último gerúndio continua na moda).


O paraíso físico está ao alcance da grana, enquanto que o inferno da insatisfação tem sido para eles eterna companhia.

O sentimento de ordem das mães




Ordem do dia das mães:



Amar todos os filhos, todos os dias e ser simpática às adversidades.


Alimentar ao seio, elevando a esperança do advir.


Ser a primeira a saber o que passa na vida deles e a última a admitir que erraram feio porque sempre os vê como o seu maior empreendimento.



E essa história de padecer no paraíso é o maior engôdo: A dor nem sempre nos desperta o sentimento do aprendizado, é uma dura lição cujas notas demoram no vermelho. O paraíso é bem mais em cima. É trabalhar o desapego e deixar fluir o maternal que nos consola diante do parto, das noites acordadas, do mamilo que sangra desacostumado à boca ávida do bebê.

Não existe padecer nos prazeres infindáveis da maternidade da mulher que tem o que oferecer. Padecimento é não ser vista. E são tantas mães invisíveis, ignoradas pelo mercado de trabalho, largadas pelos maridos, na desventura e que não tem sequer argumento para explicar por que falta tanto pão em casa.

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...