Na multidão, somos só


Gostei da campanha da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo, que cansou de querer chamar atenção e ninguém nem tchun. Quando digo cansei, pretendo que os outros parem de me incomodar ou faço algo para mudar?


Ok, é válido afirmar, tomar uma atitude, mas fazer das palavras, palavras e nada mais, basta?


Eu não sei se o que penso vai mudar o mundo, mas sei - pelo menos estou tentando trabalhar a consciência - de que vou continuar sendo o passarinho da fábula. No incêndio do mundo, onde o homem corre para pegar o que acredita ser felicidade, é preciso repensar para o bem coletivo.


Ontem, vendo os efeitos da greve dos metroviários em São Paulo, vi que quando nos juntamos somos capazes de catástrofes. Tira a ordenação para ver se a civilidade vem à tona.


Sempre tive medo de multidão. Tenho medo do homem, da humana que sou. As reuniões que participo tem que ser em locais onde eu possa ver e ter espaços disponíveis para uma fuga. Isso seria sinal de que ainda não aprendemos a nos juntar?

Reverso


É preciso rever a questão que toca a fundo a curiosidade, que não morre só porque alguém nos explica o objeto, e apesar disso o ponto de interrogação continua encerrando o pensar.


É preciso recriar para identificar o artista que mora em mim, apesar da tinta carregada na tela da personalidade formada sob o constrangimento do choro e ranger de dentes.


Se faz necessário reprogramar a lógica da rotina, que mata o tempo e destrói o êxito.


Assim, como também, é urgente reverter os números da violência. A propósito, o nosso amigo Norton me perguntava com aquele seu jeito especial de ser, quais eram as causas da falta da segurança. Em resposta, disse-lhe que é a crença do homem que para vencer sente a necessidade ainda de dominar o outro.


Do outro lado, via net, o colega sorriu brejeiro, moleque, e arriscou para que eu dissesse isso ao parlamentar, que ocupava a tribuna e sugeria números menores.


Se cadeia, presídios de segurança máxima, delegacias, repressão, tortura, sentenças mil resolvessem...


A gente precisa parar de pensar que decretos modificam a essência nossa, tão aviltada e alimentada tão vilmente.

Vai um cafezinho?


Como você toma café? Eu por todos os sentidos: primeiro pelo olfato, antecedendo o sabor que chega ao paladar na fantasia e que também antecede o calor.


O café representa um dos maiores prazeres que experimento aqui na Terra. É o único que tempera o meu dia e, de certa forma, reconforta.


Fui obrigada a dar uma pausa por conta da cafeína devido ao exagero que comprometeu o bom funcionamento do estômago. Mas, fora isso, o retorno mais moderado continua me permitindo degustar o líquido que gosto de sorver enquanto escrevo, penso, e esbanjo a mente em milhares de projetos.


O cafezinho pode ser motivo para reunião, para o primeiro encontro, para dar desculpas, para aproximar pessoas ou para fugir delas.


Foi tomando cafezinho, em pé, diante do chefe que soube que não ficaria muito tempo fora do mercado, caso fosse demitida. Não sei se aquela conversa curta foi um aviso prévio, acontece que logo depois eu experimentei ser mais um número na fila dos desempregados.


Mas, nem por isso deixei de gostar de café porque nada é mais convidativo e mais carinhoso do que acordar sentindo o aroma, avisando que alguém levantou mais cedo e está me oferecendo gentilezas. E, agora mais aliviada ainda porque os japoneses acabam de inventar café com quase nenhuma cafeína.

"Voar é com os pássaros"


Viajar de avião continua sendo uma aventura, para não dizer desafio. Se você é do tipo irascível, vá de carro, evite os trechos esburacados e curta a paisagem. Viagem sem cansaço, vai reclamar do quê?


Para quem tem pressa, nada melhor do que um vôo para fortalecer a ansiedade. Lembre-se que a ansiedade causa danos muitas vezes irreversíveis para o organismo. Evite transtornos e aproveite o tempo para trabalhar suas emoções.


Sabe por que todo essa enrolação minha de hoje? É que acabei de ler no O Povo que o aeroporto Pinto Martins, há 30 anos enfrentava, ou melhor, os passageiros enfrentavam dificuldades para voar. Confira.


O poder da música


Nada melhor para espantar a sisudez da rotina do que uma música envolvente, que eleva o pensamento, traduzindo a paz do momento. Nada é mais inquietante do que o barulho de uma mente em desequilíbrio.


Não conto as vezes em que me deixei levar pela ansiedade do pensar sem endereço certo. Só sei que fiz muitas escalas num vôo sem asas, e mais uma vez ao experimentar o chão frio da realidade, quedei num vazar de olhos. Que bom que as lágrimas rolam sem cessar e nos permite dar adeus ao que deprime.


Numa sociedade multifacetada em que me perco, não sei que papel represento, devido às cobranças de ser a melhor, fujo tentando encontrar um reduto onde o que considero ser qualidade mereça reconhecimento.


Na lição da profissão, não quero ser a melhor, quero apenas manter o padrão de cidadania, conquista árdua temperada pelo discernimento diante da medida do excesso, que nem sempre considero fútil. É apenas sobrevivência. Na profusão do pensar, nada melhor do que correr de volta, esvaziar a mente, deixar-se embalar ao toque suave da melodia.


Nada é melhor do que fugir do burburinho das cobranças, da solicitude disfarçada no interesse capitalista. Não estou fazendo nenhum discurso contra o regime, só quero mesmo é entreter-me com a natureza, buscar um encontro com o Criador, e a música tem esse poder.


Se você está cansado, acha que brigar com o mundo ainda é sua missão, busca aquele CD recheado de boas canções. Dá um tempo, larga o serviço, fecha os olhos para não se perder com a ausência de brilho das paredes, relaxa e dê ouvidos ao toque que se espalha no ambiente e escute-se.


O diálogo consigo,com a música ao fundo, é um reencontro rico, fantástico. Temos tanto em nós. Enquanto escrevia dava ouvidos à Doce Harmonia, de Nando Cordel.

O que vale um voto?

Um decote pode ser motivo para se perder votos numa eleição? A candidata à presidência dos Estados Unidos, Hillary Clinton, causou frisson por ter usado a roupa como indica a imagem ao lado, no Senado norte-americano.

A polêmica iniciada por uma crítica de moda, ainda não conseguiu arrancar uma só palavra da candidata em questão.


Hillary - uma mulher poderosa, ex-primeira-dama dos EEUU, foi motivo de escândalos provocado por uma traição amplamente divulgada - mostrou que tem classe e ganhou naquela época apoio integral de minha parte.

E agora, volto a defendê-la de mais uma pedra que lhe é atirada na sua postura de vidro, porque é assim que a mídia transforma os que se aventuram no caminho da política.

Fico imaginando-me concorrendo a um cargo político, com certeza seria motivo de escândalos, a partir do cardápio do final de semana: pizza aos sábados e frango assado aos domingos.

O meu vestuário renderia comentários e emprego para os que se dizem entendendidos em moda: calças jeans acompanhadas de blusas básicas ou pequenos blazers, costumes ditados por um gosto só meu, permitido pela elasticidade do salário.

Além disso, sou uma avó que costuma dar gargalhadas a mil sem se importar que a minha alegria incomode.

Vivo comprando fiado, o que daria muito trabalho para comparar os meus gastos de antes com os de depois. E quem disse que quero alguém bisbilhotando a minha vida simples de matriarca?

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...