Vida na cartilha

O que contam as cartilhas da vida. As primeiras leituras podem nos marcar por toda a vida.

Na última viagem a trabalho, conheci uma simpática senhora, que ao perceber que o nosso grupo, formado na maioria por mulheres, usando calças compridas - roupas que estão substituindo paulatinamente os vestidos- explicava porque nunca na vida havia usado calças.


Quando menina, disse ela, ao participar do catecismo na igreja da sua pequena cidade, leu a seguinte recomendação: mulher que veste calças é porque quer ser igual a homem.


Foi o suficiente para que o alerta banisse do seu guarda-roupa qualquer insinuação da tal vestimenta.


Diante do meu olhar de ignorância do solene significado, ela repetiu, mudando o tom, desta vez mais enfático: fazer o que o homem faz... compreende? Disse que sim, mas confesso que ainda não entendi e que a neurolingüística me desculpe, mas vou como quase sempre faço, alucinar:


Ser igual a homem teria o significado de fazer o que uma menina de família não faria. Ou seja, sair à noite, namorar, ter experiências sexuais, prerrogativa que somente aos homens competiria.


Acho mais plausível o pressuposto do sexo, porque quando menina, tudo o que dizia respeito ao sexo feminino era proibido, até inclusive, permitir que o pai desconfiasse de que estava menstruada.


Imagina, naquela época, mulher não menstruava, tinha regras. As minhas eram com muitas exceções, lembro bem.


Quando fiquei mocinha – era assim que se denominava as meninas na menarca - tinha medo de tudo , principalmente do sexo, reduto de tudo o quanto de ruim poderia acontecer à uma mulher.

Prevenções maternas aterrorizavam e me faziam olhar com receio até o homem, a quem tenho muito respeito: papai.


Acredito que tenha superado o medo porque depois de dois casamentos ainda me arrisco a um tentar um terceiro. O problema não é o possível companheiro é o meu jeito de ser, tão espaçoso quanto o fato de não ser casada permite. Sabe, aquele jeito de ser independente, que gosta de cola, mas que não quer ninguém colado?

Surpresas maravilhosas


Deus nos surpreende sempre. Há tanto ainda a aprender, a buscar... e para quem só acredita no que a ciência comprova, com fortes argumentos, uma boa notícia diante do que pode ser calamitoso por conta do aquecimento global.


Cientistas descobrem novas espécies na Amazônia, um dos maiores redutos de vida no mundo. Delicie-se com as maravilhosas surpresas.
Diante da calamidade, prefiro acreditar que sempre há uma saída para quem deseja a liberdade da criação.

O sabor do mistério

Os mistérios encantam. Deve ser por isso que a cada ano, a cada aniversário da morte de um ídolo, a mídia busca temperar mais ainda o que pode ser obscuro. Se for claro, não aguça a curiosidade.

Sempre buscamos algo escabroso. Eu já superei essa fase mística, do trevoso. A vontade de por mancha no azul anil, para festejar algo em mim que o outro não tenha.

Hoje quero nadar em águas limpas, para que eu saiba onde por os pés e também que eu saiba como sair. É seguindo esse raciocínio que não leio "obras" do tipo biografias não autorizadas. Não tenho intenção de reconhecer no outro os meus defeitos camuflados.

Não li e não aconselho a biografia, portanto, do Roberto Carlos. Tá na internet, mas não me despertou interesse. O que ganharia com isso? O que quero do artista já tenho, suas melodias, que me levam de volta no tempo.


Prefiro ser uma grande floresta. Explorar o coração para encontrar razão na fauna da inspiração. Quero ver flores para sonhar colorido e acender a luz que dorme no sombrio limiar do meu desconhecido ser.

De viagem


Adoro cair na estrada como se costuma dizer por aqui. É fascinante percorrer lugares nunca vistos, ou até mesmo os que já conheço de cor. A propósito, reparo muito no céu vermelho, cortesia de Deus para marcar muitas daqueles voltas que a Terra dá.



Sempre quando posso ou sou solicitada para viajar a trabalho, experiencio um dos meus melhores momentos. Não importa se a estrada está boa, se o avião sacode, se o trem atrasa - na realidade nunca viajei de trem - tudo é válido para sair por aí com ou sem destino certo.


Mesmo assim o meu espírito de aventura tem endereço, hora marcada e compromisso para retornar. Olhar pela janela o mundo criado por Deus, andando sobre o que o homem faz e desmancha sempre, é ver o melhor filme de uma vida que promete.


Preciso sair sempre do comum, não pela companhia do tédio, mas porque é essencial buscar alternativas, até mesmo por aquelas que a timidez, disfarçada de desconfiança e cautela, tenta me constranger a um momento que já foi e, por isso, mesmo já era!


Digo isso porque nada se repete na vida, inclusive as experiências que considero amargas. Preciso ter essa certeza para não atrapalhar o que está pra vir - que eu sei - virá com um sorriso de apresentação.

Nem tudo é trabalho


Estive em Icaraí de Amontada, ligeiramente ausente por conta de trabalho. Fui conhecer outras partes do meu Estado, praias ainda quase nativas por falta da invasão sem ordem. Para os moradores, muita carência, mas para quem visita tudo de bom: muito verde, muita água, desfile de coqueiros imensos, formando uma barreira natural na orla.

Mar com pouca maresia, uma benção para os transeuntes de cidade grande que vive disputando espaços com os veículos. O ambiente tão naturalmente aconchegante deixou-me resquícios de um prazer infindável, de viagem com direito a permuta com a natureza leve, livre das especulações interesseiras.


Na verdade, não foi nenhum esforço escrever duas matérias sobre a audiência que tinha como meta discutir reivindicações de melhorias. Foi um enorme prazer desfrutar o cheiro, o murmúrio do oceano, enquanto esperava calmamente na pousada que me foi oferecida, o sono vencer a minha expectativa auditiva. Sem nenhum medo de tsunami, estava ali, a 65 metros do mar.

Quase tudo acaba em pizza


As noites de sábado, depois do conforto das discussões em grupo, tentando identificar-nos no Universo, nada é mais agradável do que um bom papo entre amigos, alimentado por uma saborosa pizza.


Sou adepta de massa, das massas, dos meios de massa. Faço mídia, portanto. Fortaleza transformou-se num reduto de pizzarias: só onde moro, chega a ser mais de uma disputando um trecho de 300 metros.
Mesmo assim, como adepta do prato, aventuro-me a procurar outros endereços. Pelo que se vê, o repasto é de preferência quase unânime. Em muitas pizzarias é preciso ficar na fila de espera.

Na terra do baião de dois, o disco de massa com recheios variados - têm doces e salgados - a dupla feijão com arroz perde espaço, pelo menos à noite. Pra que ficar na solidão, se as pizzarias, assim como as varandas de casas e apartamento podem acolher pizzamaníacos?


E para aqueles que comem a segunda fatia de olho na terceira, os rodízios com preços, que variam de cinco reais a dez reais por pessoa, são uma tentação. E depois, haja lipoaspiração e redução de estômago.


A pizza pode ser tão antiga quanto a vontade de comer. Exagero meu. Mas, alguns historiadores chegam a apontar que o prato surgiu no Oriente Médio, pelos fenícios, três séculos antes de Cristo.

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...