De vez em quando, nas reuniões com amigos ou mesmo sozinha, tentando arrumar gavetas, olho fotos antigas. Isso, como sempre, demanda tempo. E gosto de dar uma pausa para ver com outros olhos aquelas imagens posadas, ou flagrantes.
Temos um cotidiano muito rico e gosto de fazer a defesa de um estudo minucioso sobre o que somos nós todos os dias. Antes, quando mais estabanada a vida inteira se resumia num momento, que tinha obrigatoriamente de ser prazeroso.
As imagens contam a história da vida colorida que amarelam com o tempo. O desuso do olhar tempera o esquecimento. Arrumar gavetas é um retorno nostálgico. Ressentir os instantes da vida nem sempre tão desorganizada como as gavetas que usamos diariamente. A bagunça aí traduz movimento, vida!
Gavetas empoeiradas, caixinhas com pequenos versos, imitando poesias sutis, tudo ali meio jogado. Sempre quando tento arrumar gavetas do armário brigo com a poeira. Os atchins interrompem as gargalhadas e o enfado da tarefa.
Contas já vencidas e pagas, mas que precisam continuar comprovando a minha fidelidade com o compromisso. Até quando mesmo devo suportar esse volume nos armários?
Poeminhas dos dias das mães, de Natal, escritos pelos filhos engatinhando na leitura. Repito a emoção de ler, enquanto peço ajuda para o neto Victor para que afasta o cachorro evitando bagunça maior.
Se você não tem uma pauta de assunto para aquela turma barulhenta de amigos, sugiro as fotos antigas. Não as rasgue só porque o ex-amor agora olha com o mesmo brilho para outra sortuda. Fazem parte da vida, contam a nossa história. Os créditos que pagamos e que nos fez crescer.