Imagens


De vez em quando, nas reuniões com amigos ou mesmo sozinha, tentando arrumar gavetas, olho fotos antigas. Isso, como sempre, demanda tempo. E gosto de dar uma pausa para ver com outros olhos aquelas imagens posadas, ou flagrantes.


Temos um cotidiano muito rico e gosto de fazer a defesa de um estudo minucioso sobre o que somos nós todos os dias. Antes, quando mais estabanada a vida inteira se resumia num momento, que tinha obrigatoriamente de ser prazeroso.


As imagens contam a história da vida colorida que amarelam com o tempo. O desuso do olhar tempera o esquecimento. Arrumar gavetas é um retorno nostálgico. Ressentir os instantes da vida nem sempre tão desorganizada como as gavetas que usamos diariamente. A bagunça aí traduz movimento, vida!


Gavetas empoeiradas, caixinhas com pequenos versos, imitando poesias sutis, tudo ali meio jogado. Sempre quando tento arrumar gavetas do armário brigo com a poeira. Os atchins interrompem as gargalhadas e o enfado da tarefa.


Contas já vencidas e pagas, mas que precisam continuar comprovando a minha fidelidade com o compromisso. Até quando mesmo devo suportar esse volume nos armários?


Poeminhas dos dias das mães, de Natal, escritos pelos filhos engatinhando na leitura. Repito a emoção de ler, enquanto peço ajuda para o neto Victor para que afasta o cachorro evitando bagunça maior.


Se você não tem uma pauta de assunto para aquela turma barulhenta de amigos, sugiro as fotos antigas. Não as rasgue só porque o ex-amor agora olha com o mesmo brilho para outra sortuda. Fazem parte da vida, contam a nossa história. Os créditos que pagamos e que nos fez crescer.

TV Digital sem dígitos


Recebo com alegria e ao mesmo tempo frustrada as informações sobre o avanço na tecnologia da comunicação. A TV digital vem a tempo, acompanhando o desenvolvimento, mas e os programas televisivos? Na minha opinião, como espectadora da antiga telinha, a programação deixa muito a desejar. De que adianta puder acessar vários canais simultâneamente se está tudo igual?


Ainda é tempo e dá tempo melhorar. A igualdade na programação não funciona, na verdade. Quero muito mais. Só depois vou tentar acompanhar a tecnologia de ponta: TV de plasma, por exemplo, que está além dos meus recursos financeiros e, caso adquirisse agora, estaria no mínimo, esnobando.

Olá, como vai?


Manias nossas de viver. O que mais gosto é de cumprimentar pessoas com as quais cruzo todos os dias. Repito o gesto no elevador, nas ruas, na sala de trabalho, sempre acompanhado de um sorriso largo, de verdade. Mas, percebo que nem sempre sou ouvida. Lembro que no último condomínio que morei durante 18 anos, um certo vizinho respondia-me com um severo olhar, que lembrava de muito perto, recriminação.


Outra vizinha sempre dizia que eu engordara. Uma outra, quase que simultâneamente dizia que estava muito magra! A propósito das exclamações, as pessoas estão desaprendendo a cumprimentar. O olá como vai, tudo bem? tornou-se um gesto vago, perdido em meio a ausência de palavras. Estamos esquecendo o prazer de rever pessoas. Qual mulher fica feliz quando a outra lhe empurra um nossa! como você está gorda! Por acaso não sentimos quando isso ocorre?



Se duvidar, muitas de nós mulheres preferem perder marido, emprego a ganhar alguns quilos a mais. Estamos vivendo o período da retalhação. Está longe a época em que as mulheres se socorriam com os espartilhos sufocantes ou as cintas para prender a gordura. Agora, a ordem é cortar, jogar fora a gordura e a pele. Qual o destino dado a elas?


Ainda estou com tudo que Deus me permitiu ter e com o que fui adquirindo com os meus excessos. Não pretendo engordar o bolso de alguns cirurgiões que se utilizam da fragilidade e da insegurança humana para ser um Deus modelador do corpo, reduto de espíritos em evolução.

Alô ministro!


Quando estou com dor de cabeça, tudo me incomoda. Eu disse tudo até eu mesma com tanto incômodo. É por isso que não vejo com bons olhos o ministro da Saúde do Brasil. Não entendo como alguém, ocupando um posto cujas ações devem ser determinantes, defende o aborto.


O sobrenome do ministro sugere gestação no fim da fertilidade feminina. Será que ele já fez alguma reflexão a respeito? Ser temporão é ser um sortudo, aquela pessoa que chega para alegria de todos, mostrando que nascer e morrer é uma providência divina.


Senhor ministro, um recadinho: tire a gente da fila dos hospitais públicos que estão entregues ao léo. Nos tire das filas de espera para uma consulta médica; nos tire das filas humilhantes e desumanas das UTIs.


E, antes que me esqueça: deixe nascer quem está para vir. Isso, realmente, não lhe compete embargar.

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...