Quando uma porta se fecha...


Depois do colégio Dorotéias fechar as suas portas, agora é a vez do Colégio Marista Cearense, no Centro da Cidade, que só vai funcionar até dezembro.


Sabe aquele sentimento de cobrança que vem sempre à tona em momentos como este? Pois é, estou agora com dedo em riste, querendo voltar no tempo e encontrar o culpado. Sei que hoje muitas escolas cresceram tanto que se tornaram faculdades. Grandes empreendimentos empresariais. Verdadeiras máquinas fazedoras de dinheiro.


Em outros tempos essas escolas tradicionalmente reconhecidas funcionavam como verdadeiras fortalezas da ordem, disciplina e moral. Hoje estão perdendo espaço para os grandes estabelecimentos com visão diferente que originou tantas outras escolas vivas do nosso Estado.


Fico numa atitude empática querendo sentir o desapego mais frustrante diante de um local antes tão cheio de promessas, e hoje, ocioso, sem alternativas. O que acontece agora?


Por que baixo número de alunos, quando são tantos ainda que não tiveram oportunidade de frequentar uma sala de aula?

Em cima da árvore

No dia dedicado à árvore será que alguém por aí, nas matas brasileiras vai dar importância aos apelos para mantê-las em pé, fincadas ao chão, alimentadas pela terra, permutando hidrogênio, nos permitindo continuar respirando?


Ainda estou com a imagem nítida da falta do verde naqueles galhos nus das resistentes árvores de Cabrobó, em Pernambuco. Aqui, no Ceará o verde chega até - em muitas áreas - a predominar. Sempre tive sintonia com as plantas. Gostava de me recolher encostada nos troncos das frutíferas do quintal da infância. Muito mais ágil do que hoje, vencia a altura com rapidez felina para alcançar os frutos mais doces. Sim, porque no início da vida, os doces são mais sentidos. O paladar de menina era mais sensível, sem os traumas dos alimentos temperados muitas vezes pelo descuido à saúde.


Não só comia as serigüelas, as mangas, os sapotis, os cajus, colhidos no pé, como também mordiscava pequenas folhas verdes, imitando as formigas. Ficava assim, nos raros momentos de paz, meditando - sem ter a menor idéia de que assim agia - balançando as pernas sem medo de cair. Sem medo de ser feliz.


Tempos gloriosos que coloriram a visão limitada, ainda tímida de um caminho a ser descoberto. Iniciante na vida de retorno à Terra, com a areia me identificava, jogando-me ao solo nas brincadeiras com bolas de gudes e pedrinhas que eram atiradas ao ar, sem as arengas das meninas mimadas, que insistiam que eu revelasse inveja contida, exibindo as ricas bonecas que nunca tive.


E quem queria aquelas coisas frias, que logo perdiam a graça? Eu, presa como bichinho esquecido pelo dono e adotado apenas para que não se perdesse por aí - era livre no pensar porque nada me dava mais prazer do que me imaginar grande, dona do meu nariz, enquanto mordia uma serigüela verde, saboreando até chegar ao caroço, tudo o que a vida me permitia.

Dar ouvidos


Sei que não estou bem quando a conversa de outras pessoas me incomodam. Pois é, sou toda ouvidos, realmente. Mas, não para ficar atenta o suficiente, mas por uma tolerância auditiva limitada. O tempo de rádio me treinou para que assim fosse.


Devido a isso, hoje sou mais cuidadosa quando falo. Também já é tempo de parar de desatar a fala sem ocupar-me da audiência. Quando sou convidada a falar sobre algum tema, como a espiritualidade, por exemplo, costumo me colocar no lugar do ouvinte. Não falseio a voz, mas tento torná-la mais agradável. E nisso, vai muito do meu humor. Deve ser por isso que sorrir não rima com dor.


No rádio, mídia para a qual estou retornando, o respeito cresce. Afinal, sem o feed-back para quem falaríamos?

Agora, de mim para você, já há algum tempo não escuto rádio porque quando no bom horário, estou dando ouvidos a outras falas, e também por pura intolerância de locuções outras.

Diário de bordo


Avião pequeno tudo de bom, a exceção da falta de banheiro. Em compensação, mais espaço para as pernas, que se espremem entre as poltronas das naves da linha comercial, nos vôos domésticos.


Não entendo porque o doméstico sempre representa algo com pouca despesa, para não dizer classe econômica.


Estou nos céus do Brasil. Ainda falta, uma hora para chegar ao destino: Salgueiro, interior de Pernambuco, de lá iremos para Cabrobó conferir o início das obras de transposição das águas do rio São Francisco.


Olha eu aqui história , personagem atuante, cobrindo pauta esperada há anos! Com uma diferença incrível de que logo mais estarei online. Ou melhor dizendo, viva ao vivo.


Tirando o olhar do céu, o marrom - árvores sem verde - predomina a paisagem quase desértica. Fiquei olhando para aquele cenário irmão, agora, da janela do ônibus. Contei algumas cabras, animal resistente à seca e vacas dando mostra de indiferença à situação calamitante.


O nordestino é acima de tudo um forte, como notabilizou o romancista Euclides da Cunha, porque ainda consegue ver poesia onde a natureza aponta uma das maiores adversidades do mundo: a falta de água.


Deus nos concede água, nós homens criamos os atalhos, quando também não matamos os nascedouros e enterramos as vazões. Neste caso, em particular, será a expansão das águas de um rio que recebe nome de um espírito missionário.

É..... quase fantástico!




Depois da dança do gelo, o fantástico ficou congelado. A revista na TV está sofrendo baques de audiência. Seria por conta da repetição de certos temas, ou postura dos apresentadores? Nem sempre o que não é bom é fácil convencer do contrário.




Já há algum tempo deixei de assistir ao programa porque me causava depressão do domingo. Uma doença crucial que me consumia noite adentro, uma sensação de angústia porque o único dia de folga teria que ser preenchido por inúmeras ações de interesse pessoal e da família.




Cheguei a divulgar o tema que mereceu muito espaço na rádio em que trabalhava na época. Descobrimos que a síndrome do domingo atingia e atinge ainda um grande número de pessoas. Eu ficava mais ou menos leve até ouvir a vinheta de abertura do Fantástico que àquela época estava mais fascinante do que hoje.




Será que está perdendo a graça porque de repente resolveu ser mais sério? Estou me permitindo acompanhar outros programas como o da Record, ao invés de curtir a Globo nas noites de domingos, já livre da depré. Confesso que fiquei meio decepcionada quando apostei em algo que me agradasse no programa em questão.




Só a reportagem mais ousada de Regina Casé em visita às feiras das periferias de várias cidades, inclusive estrangeiras, me satisfez. Bom, até chegar o momento em que ela fez questão de mostrar o gosto musical de alguns angolanos: são apreciadores do que considero o que há de mais mau gosto no repertório atual: bandas de forró, as negações da música brasileira.

Ser de casa

Ser dona-de-casa não se trata apenas fazer parte de uma denominação de palavras conjuntas. Ou ser aquela pessoa que já mereceu atenção especial e hoje, largada em residência fixa, se sente como a última mulher do mundo. Sim, porque o belo e encantador, que já lhe inspirou tons poéticos, agora deseja olhar para outras curvas, como um motorista descuidado, sem reparar na sinalização.

A mulher que casa - lá vem a palavra de novo - está além do que deseja ou aspira o homem que se pretende companheiro. Fora a rotina somada aos compromissos - as contas que se avolumam - é sempre a que deita o olhar sobre os objetos necessários para a manutenção da família, e a representatividade maior do atendimento fraterno.

Ou seja: além de ser a mais dócil do mundo para embalar o bebê, que acabara de sair do seu ventre, com todas as dores possíveis de se sentir, dar o seio como alimento, objeto de cobiça masculina.

Sim, tem que alimentar, mas para continuar linda e desejada tudo é preciso fazer para manter os seios em pé!! E isso só é possível com silicone. Idéia verdadeira para uma falsa razão.

É preciso ser administradora, secretariar marido e filhos, porta-voz, recepcionista - acolher bem os convivas - cozinheira, lavadeira, passadeira, ou ter uma grana suficiente para bancar outras donas-de-casas, que largam as suas em busca da sobrevivência em outras.

E ainda há mulher de casa, que não se sente a dona do imóvel por ser comum, encarando-se como uma pessoa inócua, sem valor algum. Já é hora de se olhar no espelho apoiada a um cabo de vassoura ou no teclado de um micro, como uma missionária. Razão se faz, porque procria, alimenta, administra, dar amor e inspira confiança capaz de manter em pé o homem mais cego que se pode conviver.

Em tempo: não é um desabafo. É um reconhecimento às irmãs de gênero com as quais convivo.

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...