Dia da criança sem choro


Não era uma bola que pudesse ser chutada, pesava, doia no pequeno pé. Mas, mesmo assim ele insistia querendo mostrar força encontrada nos olhos do pai, que disfarçava a falta de dentes com uma das mãos. Mas ele sabia que o pai sorria por meio dos olhos.




Tentou inutilmente até cair. Fez uma ligeira carinha de choro, lábio inferior imitando uma pequena flor, olhos com contornos vermelhos, mas levantou-se, sacudiu a poeira do shortinho e disse: vou chutar, pega aí!




Bateu e voltou. E nisso ficou até que na última queda, resolveu certificar-se do peso do brinquedo desejado. Era um danado de um buraquinho, quase que não dava para ver mas que deixava o ar escapar.




Papai será que se eu soprar bem muito vou encher a bola, pai? Não filho, mas veja o meu pé é maior, vamos tentar juntos. Viu só? Lá vai ela, com preguiça, mas vai.




Lá do outro lado da rua, enconstada numa pedra, segurando uma boneca sem braço, a irmã um pouco maior, ria com a felicidade da criança que não sabe identificar o brinquedo usado do novo, das ricas prateleiras.




Estou só querendo pensar no dia da criança, que as lojas ensaiam uma felicidade que tem preço.

Jornalismo sem fim


Não acredito em fim de jornalismo, assim como não creio que facilidade de escrever seja fazer jornalismo, ser jornalista. Quando passo uma informação por meio de uma mídia, (com exceção deste blog) quero ser fiel ao fato, explicar o que está acontecendo com a maior impessoalidade possível.


Ser jornalista é fazer da notícia a estrela maior. Claro que pegamos carona no nosso trabalho, mas o brilho de quem informa fica no fundo. Somos os porta-vozes e não fazedores de nossa notícia. É claro que estou ocupando-me do fazer e do pensar a informação, mas não me preocupo com a sinalização de que a profissão seja finita. Neste mundo bacana onde crescemos todos os instantes, tudo se transforma.


E quer saber? nenhuma determinação legal ou empurrada vai me tirar a vontade de continuar teclando, pondo o pensar em alta estima, correndo com microfone na mão para dar crédito a informação, assinar matérias de cunho científico, o mais próximo da verdade, sem desvirtuá-las com os meus possíveis melindres.


Acredito no que faço. Ou melhor, eu sou o que faço. Se você quer saber mais sobre o assunto a que me refiro, acompanhe o artigo de Alfredo Vizeu. E se quer saber pelo que mais insisto em mudar, aqui.

Vi por aí


Depois de alguns dias de ausência por conta de viagem a trabalho, retorno a escrita, depois de um tour nos principais sites de notícias.


Eu realmente fico cismando porque em campo de futebol, por exemplo, a força para o chute é desviada para socos entre os jogadores e tem até treinador que bateu forte, alegando que estava defendendo os atletas.


Se a moda pega, já já as torcidas organizadas que preocupavam, vão se transformar em brincadeira de criança.


A bonita jornalista(onde é mesmo que ela escreve?), Mônica Veloso, depois de se tornar conhecida em todo o país pelos caminhos do senador Renan Calheiros, agora posa muito à vontade para um revista do tipo masculina. Por que será que toda mulher em evidência tira a roupa?


A morte de Diana, a meiga princesa que comoveu o mundo, ainda é um enigma, embora a família do namorado, também morto no acidente de carro, insista em responsabilizar a família real pela morte dos dois.


Este post está com cara de resumo do dia, mas paciência, foi a overdose de informações que se repetem sem cessar, numa ordem de apelo ao dramático e à exploração de fatos que não morrem, por mais desinteressantes que se possam considerar.

O melhor serviço

Eu sempre defendi a dignidade. E por ela tenho trabalhado como missionária. Deve ser por isso, que busco trabalho não pelo dinheiro, mas pela realização do fazer. O fruto do trabalho não deve ser o dinheiro, mas o serviço.

É preciso aprender a admirar e constatar o trabalho dos segmentos da sociedade. Isso tem sido a meta da imprensa. Tentar identificar as falhas, apresentar sugestões e/ou alternativas para todos, tornar comum a informação é comunicar, com lealdade.

A vigilância merece crédito e hoje, além disso, a mídia como um todo, usa a interatividade. É o leitor, telespectador, o ouvinte, no centro das atuações. Se não for assim, algo foge da meta do bem informar.

Todo esse preâmbulo é para fazer merecer espaço em destaque matéria de O Povo sobre as escolas públicas do nosso Estado. O que tem de melhor, o que elas oferecem de melhor, você pode conferir aqui.

Bebel(eza)


Qual foi o personagem da novela global, Paraíso Tropical mais real do que nunca? Vou pelos que me comoveram, de fato, dentre eles, a bem sucedida moça de vida fácil(?!), Francisbel, a Bebel. Nada mais realístico do que aquela cena, do interrogatório.

Ganhou o telespectador que esperou chegar o dia do final, que pode ver o triunfo da moça em questão, bela, maquiada com rigor, portando roupa de grife, numa total alienação do mundo em que vive.

Longe de ser má, de fato, Bebel apenas flutua no convívio social, sonhando com vida fácil, para fugir, quem sabe, da dureza de ser profissa. E quem vai censurar a mocinha? No ambiente em que ela respirava, os ácaros estavam sempre por perto. A realidade da personagem a inspirava buscar alternativas sem autorização da sociedade. Sim, porque tudo o que mais experienciou foi a marginalidade.

Há algums meses eu perguntava aqui mesmo neste espaço, o que queriam os autores da novela Paraíso Tropical com o personagem Bebel. Ela começou numa cidadezinha do interior, imatura e assim continuou até o final, feito alguém que sonhou a vida toda em ter uma boneca grande que falasse. Ela chegou à vitrine, rodeada por carrões, perdida sempre que se encontrava com alguém. E, depois de acreditar num amor fixo, para sair da vida exigente, deparou-se em uma transitória situação em que o vexame de ser inquirida, investigada, devassada, só lhe trouxe ganhos.

Sonhadora sempre, Bebel deixou a lição do quanto é grande a nossa responsabilidade com as nossas meninas, exploradas diariamente, que precisam receber e aprender a utilizar a chave da libertação do jugo da ignorância da beleza que nutrem: a educação.

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...