Arte



Os grandes olhos da tela empoeirada - poeira fininha, invisível aos olhos - percorria os quatro cantos da sala. Lembrava o movimento dos ponteiros do relógio, que torcia o bico com despeito da imitação. O sofá gemia baixinho amassado pelos quatro pacientes, que de tanto esperar já esqueceram o que iam tratar na consulta.


O tapete ria fingindo não sentir incômodo do pé impaciente, que raspava com o salto alto do sapato o risco da linha amarela que começava a desviar no tecido, confundindo o desenho. No alto - quase não dava para ver - o ventilador com calos de movimento circular, aquecido enquanto refrescava.


Por quanto tempo o prego vai suportar o meu peso? Indagava, ao mesmo tempo, em que corria o pensamento para afastar o medo de ficar jogado no chão. Apesar do grande movimento na sala, ninguém detinha o olhar para a sua paisagem presa no pano. Mas, espere aí. Alguém toca a textura: é pintura, mesmo. Pensei que fosse apenas uma imagem...


Ainda mais essa: ter que lidar com a ignorância sobre a arte.

2 comentários:

DESPERATE HOUSEWIVES disse...

fatima do ceu!! seu blog ja estah add na minha pasta de favoritos! vc eh demais! inteligente e pensa como eu penso em muitas coisas...
se nao se importar, usei um post seu em meu blog..
bjus

Fátima Abreu disse...

Olá, seja bem - vinda! Fique à vontade e vamos pensar para nos melhorar. Um grande abraço!

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...