Nem sempre é queda


Sempre lamentei a queda desastrosa dos astros terrenos. Lamentava porque não percebia neles a frustração da ilimitada cegueira diante da infinita criação.


É imperceptível para a criatura, a causa. Apenas estremecemos num arrepiar da Providência. Por isso, alçar vôo é debater-se diante dos pequenos efeitos que somos.

É indefinível a visão estrábica no homem, que ao se inspirar chega próximo a Deus, e percebe o equívoco da imitada arte. Somos o astro que aos poucos ascende na letra da fé que não morre.

Improviso para melancolia


De quando em vez, uma sensação de melancolia me invade. As pessoas, acostumadas ao sorriso constante, logo querem saber o que me ocorre. O que dizer, sei lá o que rola no íntimo. Mas, continuo com aquele olhar fixo sem perceber nada na retina, num ligeiro colapso real. Ou seja, fui! viajei sem precisar de milhagem nem ficar ligada às promoções da Gol.


Há momentos - que por serem intensos - merecem pesquisa e lá vou eu em busca de resposta de cunho científico. Leio sem corresponder à minha realidade irreal. Logo mais, volto com reminicências nostálgicas.


No Evangelho, melancolia é algo parecido com uma vivência distante da qual sinto-me ligada. É como a raiz profunda de uma árvore, que fora da época das frutas, apenas dormita na fertilização, e por isso, arrancada como estéril, garante o tronco emergente do futuro.

Em defesa de Bial


Não tive o prazer de conhecer, trabalhar com Pedro Bial, um dos profissionais de talento da rede Globo de TV. Acompanhei muito dos seus trabalhos como a grande massa de telespectadores da emissora. Contudo, saio em defesa do jornalista, depois de ver um slide - não foi a primeira vez - chamando a sua atenção a respeito de certas colocações quando apresentador do BBB.


Em muitas ocasiões somos apresentadores e falamos sobre coisas que não representamos, de fato, quando lemos um editorial da empresa que trabalhamos, por exemplo. Nem sempre o que o jornalista lê é o seu pensamento, considerando que somos porta-vozes em muitas oportunidades. Somos, na realidade os mais visados, mais vistos e ouvidos, por isso a interpretação de que estamos expressando um sentimento, quando muito desempenhamos uma função que nos é dada.


Ainda bem que não somos o que falamos, somos o que sentimos. E nesse aspecto, cutuco o pensar sobre o que represento na sociedade, quando profissional. O que mais busco é a ética, razão pela qual nem todo papel aceitei desempenhar em sua complexidade real. Não fugi, mas defendi e defendo com ênfase a posição de estar consciente diante do papel de jornalista.


Na profissão de comunicador a responsabilidade maior é a informação com lealdade, com o intuito de não só formar opinião, mas sobretudo, educar. Se existe o Big Brother - que não assisto por razões próprias - é porque tem platéia, mas se tem platéia é porque também há pouca opção. Alguém ganha com isso e muitos perdem também. Perdem a oportunidade de assistir programas informativos - quando há tanto a saber - e perde o veículo que não observou o interesse do telespectador.

Foi sem querer

De vez em quando dou uma olhadinha nas matérias do tipo comportamento que fazem perguntas aparentemente supérfluas, mas que no fundo tratam de assuntos que mexem conosco, machucam até. Desta vez, fui atraída por uma matéria que apontava as razões possíveis que justificam a traição masculina.

Curioso, que nem sempre se fala na traição feminina. É como se não fosse possível acontecer, ou até mesmo querer fazer de conta que não acontece.

Bom, voltando à questão primeira, foram consultados homens de idade entre os 20 e 40 anos. Vi que algumas das boas razões já eram conhecidas minhas, dentre elas o álcool, e o agente defendendo que se não fosse o estímulo, jamais teria traído o amor da sua vida. Mas, uma em particular cismou o pensar: transar, transei, mas não traí minha mulher emocionalmente(!)


Levando pro campo emocional, quando é que a mulher trai mesmo? Acredito que a partir do momento que depois de noites debaixo de lágrimas, resolve seguir em frente com a relação, mesmo que olhando de soslaio para o bonitão que de longe percebe no íntimo o quanto a fez sofrer. Traiu-se na promessa de livrar-se do problema (ele, o traidor).



Interessante labirinto esse. A traição, na maioria das vezes, é com outra mulher mais ou menos conhecida. Noutras, a vítima foi quem apresentou a peça número três da relação. Será que dois não bastam? Vivemos de assombro, num jogo sexual, no qual a harmonia do prazer requer para tantos outros a fuga do compromisso. Pois é, e nós querendo amar o respeito que se evade.

Flagrantes


Semana passada vi um flagrante que mereceu três dias para apaziguar o pensar, libertando-o da reflexão superficial. Um trabalhador marginal depois de vencido o fluido vital, foi transportado no carrinho, que levava o ganha - pão. Catava lixo, os resíduos largados, dispensados que nem ele. Ficou teso, corpo frio como a nossa mente em relação aos outros tantos miseráveis desta Terra.

Numa súplica aos céus, o corpo que abrigou aquele espírito missionário - não se sabe qual, mas Deus tem uma meta para cada um de nós - virou desfile sem muita platéia. Se não fosse o flash rápido de um fotógrafo teria passado em branco.

Ao ver o flagrante colorido mostrando a palidez da morte fico cismando o pensar para os que treinam em academias, firmando os músculos numa auto-afirmação de ser diferente. A mudança interna, porque dói muitas vezes, é deixada para trás. A cena chocou porque se dá uma importância fundamental ao destino do corpo inválido de força viva. Pergunto-me por que não choca mais ainda a vida clandestina de sorte que os catadores levam.

Não obstante, o otimismo não me escapa na esperança de ser melhor e ter melhores semelhantes. São tantos defuntos entre nós como tantas mais ainda as boas idéias, que fenecem por falta de vivacidade contínua.

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...