Nem in e muito menos out?



Eu gosto de paquerar as observações do tempo do pesquisador Nirez. Na edição de O Povo de hoje, ele lembra a depredação do quartel do Corpo de Bombeiros. Fiquei cismada. Era o ano de 1968, eu contava 14 anos e nada guardo desse dia. Também, pudera, alienada era a tônica da adolescência.


Guardada sob fortes rédeas domésticas, quem disse que eu iria as ruas atacar ou ser atacada? Out de tudo - como diria uma colunista social - mas nem menos infeliz. A adolescência tem dessas coisas. Uma vontade enorme de brigar contra a experiência que tenta frear a vontade indomada de conhecimento.


Nessa luta travada, eu perdia sempre sob o punho forte da família, que me mandava calar a boca sempre quando saía em defesa do que ia na cabeça. Percebo que nunca foi muito ventilada a mente, chegava até a ser comedida demais.


Lembro agora uma passagem de um ser intelectual que me chama atenção: a adolescência é uma grande floresta: verde, forte, viva e pouco conhecida. Pois é, você sai dela sem se dar conta de que arrumou um monte de ações efêmeras, mas que necessitam ser administradas por toda a fase adulta.

Com trema e afeto


Eu amo o trema. A declaração íntima de quem gosta de escrever, que acredita que sabe e, por isso mesmo, fica bem à vontade diante de tantos poetas, escritores e redatores durante um recital.


Colando às costas dos presentes num dos salões do Ideal, querendo identificar a história, passado e conversas sussurradas de uma platéia do passado quando algum poeta cearense ou notório nacional ali depositava o seu verso, emociando a expectativa de muitos.


Fiquei ali, querendo conforto na cadeira de plástico em contraste com o luxuoso traço de madeira do teto, do artista que passou mas ficou o marco poético. Lá na frente sem perceber a minha presença, o poeta e escritor Márcio Catunda nos convidava a venerar Vinícius de Moraes.


Fiquei olhando mais atentamente do que ouvindo a oralidade dos versos por aquele homem simples - embalagem em que nada retrata o que seja, o presente para a literatura brasileira. Ao seu lado, dividindo a bancada, meu ex-professor Cid Carvalho, com seu porte elegante e voz soberana. É difícil não acreditar em quem fala com tanta entonação.


Resolvi. Vou escrever algo, vou editar. Nisso, a viagem começa: vejo-me autografando, dedicando em letras miúdas e mal traçadas a dedicatória, querendo muito ser lida. Ou será que o meu sonhado livro vai ser porta-poeira por falta absoluta de manuseio olhares?

Cuidados com o corpo

É preciso saber viver, manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo. Quem canta não espanta os males do coração, como exorta o ditado.


Acabo de ler as histórias deste País povoado de pessoas equivocadas, aquelas que ainda não tiveram o tal insight e acordaram para a importância de estar vivo e deixar viver. Leva a vida num combate infindo, matando para continuar vivo - eu acho que é assim que recebe a ordem da mente conturbada.

A minha compreensão não alcança as comemorações que fazem distorcendo a ordem da criação.

A natureza nos serve um banquete diário, sem restringir participações. O convite é aberto a todos os seres. Participar ou não é uma decisão individual de uma festa colorida e coletiva.


É preciso crer nas mudanças que virão sem o tom profético. Por isso, já que a mente é um amontoado de pensar, decido pela massoterapia, à sabedoria oriental, com os seus toques que desbloqueiam-me e fazem a energia do corpo fluir.

Permito o desatar de nós, rendendo-me em respeito ao corpo, que fala por meio da dor, despertando-me do turbilhão do sono da indiferença. E nem custa caro. Posso parar de sonhar em ser celebridade bancária para ter acesso a esse bem-estar.

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...