Luzes

Praça do Ferreira, Centro de Fortaleza

Dezembro está chegando e a psicoesfera do Planeta torce para que a gente respire melhor e inspire melhores dias, mais luz, brilho na boa vontade. Isso tudo como desejo para o próximo, para o outro, àquele que a gente quer bem ... bem longe, sabe?


Gosto muito de dezembro porque a cidade se ilumina. As luzes artificiais estão longe de ser a luz providencial de que tanto necessitamos, mas pelo menos, ilumina os olhos, cutucando a somba do egoísmo que a gente insiste em continuar cultivando.


É dezembro, o último BRO de 2008, que respira aliviado porque já está tirando férias. Logo mais, passa a bola para o nove, que vem tinindo de boa vontade. Tomara que venha molhado, lavando as árvores da Cidade, regando riachos e avolumando rios, bem por aqui, no tórrido Ceará.


Ser legal


Estava lendo sobre uma ação da Autarquia Municipal do Trânsito que, seguindo determinação legal, derrubou o antigo reduto de muitos estudantes da Unifor, o Bar o Bigode. Mais um na fila do desemprego, sem recursos para sustentar a família. Foi o lamento do proprietário. Para muitos, a lei dói.


Os frequentadores reclamaram, brigaram pela manutenção do bar. Em vão. Lei é para ser aplicada. Doa a quem doer, não é verdade?


Cismo o pensar a respeito da legislação. Como deveria ser criada, atendendo as reivindicações coletivas, ou para alguns grupos, uma minoria? Há quem diga, que muitas das leis em vigor começaram assim. As leis são feitas diariamente e quase sempre desobedecidas. Isso, porque cada um de nós tem uma maneira particular para entendê-las.


Quando não me dizem respeito - ou melhor, quando não me constrangem de alguma forma - estão bem, mas quando a coisa aperta para o lado de cá... sei não. Imagine se cada um de nós regidos por forças legais dessem o pitaco, uma emendinha para atender a assunto particular?

Só o filé?



Com a TV nem sempre me entendo, mas com o controle sim. Não olho para a telinha sem ter em mão o aparelhinho mágico que me poupa muitas vezes de conferir alguns vexames. Mas, há sempre a curiosidade de acompanhar alguns folhetins televisivos. Há produtores que apostam na polêmica, tudo o que dá pra falar, alimentar comentários nem sempre felizes para as pessoas que são alvos, estão na pauta deles.


Assim, conferi sem querer, parte de um debate(?) com uma moçoila morena, pernas trabalhadas em academias, que se autodenomina Mulher Filé. Foi essa denominação que me prendeu a atenção. De pronto, já fui armada com as minhas reticências e um perfil traçado da mulher moderna, que não mais se expõe - digo o corpo - para ser reconhecida.


A moça tentava se defender das acusações de vulgaridade. Ela foi textualmente apresentada assim. O vocabulário não ajudava e ela me pareceu uma vítima, ali acoada, querendo livrar-se da pecha de que é um mau modelo a ser copiado. Uma participante do tipo bem comportada, que não precisaram o nome, alertava-a para o perigo que representa para crianças e adolescentes.


A Mulher Filé participa e defende o gênero Funk: Existem vários níveis de funk - defendeu-se, quando uma outra participante do programa, destacava que o gênero representa um segmento da população que merece respeito.


Como precisava dormir porque acordo cedo, desliguei o aparelho e não sei qual foi o resultado do embate(?) polêmico. Mas, voltando às armas , o pior de tudo não foi a moça em questão, mas o programa que leva alguém para o ar, expõe a pessoa ao rídiculo, numa tentativa irresponsável de manter audiência.


Não vou dizer o nome do programa para não fazer propaganda. Você pode ficar curioso e querer dar audiência.

Cecília


Cecília pisou no palco pela primeira vez e enfrentou com toda naturalidade - mesmo sem ter idéia do que ocorria - a platéia. Lançou um olhar rápido para a escuridão que se estendia à sua frente, tentando identificar de onde vinha o barulho dos aplausos.


Nem tirava os olhos dela até que a acompanhei com o olhar a sua atenção para o coleguinha de turma que chorava muito. Ela estancou e parou de sacudir os pequenos braços, numa dança alusiva à música Plunc Plact Zum. Nem ouvia mais o convite de Raul Seixas para o imaginário infantil.


Numa segunda apresentação, não consegui identificar a sua voz, mas percebi que cantava porque sua boca rósea fazia bico ao pronunciar tuuuuudo. Não precisou esmerar na apresentação ensaiada exaustivamente pelas "tias". A sua beleza de um ano e meio foi o grande espetáculo.


Ah, Cecília entrou no Teatro Marista nos meus braços. Isso pode dar o que falar mais tarde, quem sabe...

Sabor da infância


Acabo de colher um caju suculento, do galho que invadiu o meu quintal. A natureza - rompendo os limites impostos pelo homem - seguiu o seu rumo traçado pela força criadora e nos presenteou com o fruto. Como o dono do cajueiro não reclama, satisfaço a vontade, transformo o pedunculo floral num suco refrescante, que o paladar agradece e grava o sabor num incentivo olhar para os galhos que balançam passivos à velocidade do vento.


Cismo o pensar que percorre agora a memória do tempo. Vejo-me trepada num galho de uma frondosa árvore, pés balançando num trapézio que não me arriscaria hoje. O desejo de saciar a compensação da infância, nos remete a desafios, que presunçosamente nos mantem alerta para as descobertas do mundo. Eu sempre tive um interesse fundamental pelas plantas. Nem sei o nome, apenas prendo-me à emoção que me toca.


Nada mais é tão infantil e tão feliz do que saborear um fruto recém colhido. Esse beijo na natureza me faz mais amável.

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...