De vez em quando sou assaltada pela idéia - nem sei se feliz - de ser reconhecida na arte. Cismei que era artista desde o momento em que me despia das vestes domésticas e fazia do cabo de vassoura um microfone. Era a voz mais suave e forte que um ouvinte poderia exigir.
Nos versos arriscava a inspiração da adolescência. Nos galhos das árvores do quintal, balançava as pernas num bailar frenético no palco suspenso.
O mundo tão extenso não chegaria jamais aos meus pés, mas com certeza estaria nele com louvor. Nem sei se vale a pena a fama desejada na época precursora dos meus sonhos.
A propósito continuo no cabo de vassoura varrendo lembranças singelas, que me fazem sorrir sem saudades; não mais me arrisco nos galhos das árvores hoje objetos de contemplação; mas continuo sonhando, sem desejos de aclamação. Ah, como é bom ter pés no chão.
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