No quintal


O quintal aos domingos é um dos meus recantos prediletos. Logo pela manhã, o olhar corre célere em busca do verde que a janela escancara. Atendo ao convite do vento e debruçada, esqueço a dor do cotovelo - estou com lero cotovelar - e levo a distancia qualquer preocupação. O verde tem esse tom de mágico. Opera em mim o gesto leve, que me ergue, elevando-me do chão.


Em busca de um contato mais rasteiro, desço e piso com cuidado alguns buracos provocados pela chuva insistente no cimento não mais tão concreto. O que vejo! um passarinho sem vida, asinhas unidas ao corpo e os pequenos pés em suplica aos céus. De bico fechado para a natureza florida, longe dos doces das rosas.


Culpo o gato da vizinhança que sempre rouba comida da Melanie, a gata arisca que tenho em casa, mas que não mataria o pequeno ser. Nem ouso tocá-lo, deixo-o ali banhando-se de sol numa despedida sublime, resignado à ordem natural, e passo a insultar o mato que insiste em devorar a grama. Por que o que a gente não gosta rende tanto?

De um lado erva daninha, danando-se num desafio sem fim. Lá adiante, duas rosas vermelhas, ou melhor, encarnadas, fitam a natureza resistindo ao vento que sacode os galhos finos. Nada é mais tão belo. Vejo a minha vida: de um lado bem próximo a mim, ervas daninhas resistindo ao tempo e as tempéries, um pouco mais além, rosas, num convite a beleza.

Um comentário:

Anônimo disse...

Fabreu,

uma pessoa me falou que a FM Assembléia vai realizar um festival de Música. Fiquei interessado não só para noticiar no blog GENTE DE MÍDIA, mas porque tenho vontade de inscrever uma de minhas músicas. Me dê confirmação ou não.
Obg
Paz e Bem,

Nonato

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...