No anonimato


Sempre quis saber do que os outros falam, do que gostam e - por que não - o que pensam de mim. Depois de conhecer mais de perto o pensar do outro fiquei reticente. Vale mesmo a pena ouvir o que falam? Nem sempre agrada o perfil traçado. Nessa montagem do outro, o sentimento insiste disfarçar o que está guardado lá dentro do imo.


Por isso os comentários dos posts me atraem. Muitas vezes são tão bons e mais atrativos do que o autor escreve. Em alguns momentos, intrigam-me os anônimos. Percebe-se que os que levam essa assinaturas são mais audazes. No anomimato, escondido, posso soltar o verbo e não ter que responder por isso?


Pode até representar ganhos, mas e quanto ao retorno? Interessante é conferir os posicionamentos de anônimos que brigam entre si. Uma matéria intrigante é prato cheio para degustar com salivas arrojadas, esverdeadas. O que seria do veneno - penso agora - se não pudesse ser destilado de vez em quando? Na fortuita escapada, dorme desconhecido por mais que sentido.




Com cem anos


Em 2055 farei 100 anos. Será que há razões para comemorações? Eu tenho certeza de que nessa data não farei o bolo, não convidarei amigos para tomar umas e outras - acho que serão apenas outras - mas, provavelmente, os bisnetos poderão encontrar velhos livros com anotações.


Como guardarei os meus escritos? O Google já terá passado por inúmeras transformações. O sistema de busca deverá ter um baú de blogs e este espaço quase diário vai ressurgir e mostrar o meu sorriso na camisa listrada?


Ao longo dos 53 anos - farei 54 no dia quatro de março - grafitei números na tabuada, letras no caderninho de caligrafia, e agora, teclando dígitos na composição regida pelo cursor. O papel carbono foi meu aliado para escrever em várias folhas simultaneamente; o disquete copiou textos e hoje escrevo virtual.


Como será decifrada a memória em torno de mim, do que sou e do que deixarei de ser?



Em meio a crise



Nem tsumani nem marola. Não importa, não sei nadar. Eu também não sei viver sem crise. Deus me livre de acomodação. Masoquista, eu? Não mesmo! O que sou é resultado social de planos mirabolantes e consequencias certeiras. Porque eu posso até não ter participado das grandes orquestrações e/ou negociatas, mas estava na platéia. Ou seja, participei e participo de tudo.


Mea culpa, minha máxima culpa. Não falei quando fui solicitada; não calei quando mandaram; e não me fingi de morta quando apontaram a arma da inquisição. Não estou aqui para julgar. Dispo-me da toga. Na real, sou apenas uma tentadora tentativa de sobrevivência.

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...