Embora, na verdade...


A verdade tem sido perseguida. É a meta dos verdadeiros. Ao longo da história da humanidade formou seguidores, nem sempre tão exatos. Morando na filosofia, cismo o pensar sobre o que vem a ser e o que vejo são as formas bem longe do conteudo.

Enquanto não a encontro vou dando ouvidos as protocolações: A verdade - dizem - as vezes dói. A verdade é necessária, mas ninguém se atreve a dizê-la. Hoje dei de frente com uma. Disseram-me de chofre, antes do café da manhã, que a pessoa temia que eu me tornasse dona da verdade. A expressão minimiza o sentimento de rejeição.

Mas, como ser dona da verdade se nem sempre sou verdadeira? O autor da frase, no mínimo desconhece o preconceito da forma que sou, moldura do my self verdadeiro.

A tal da camisinha


O Carnaval está chegando por aqui, e o que vemos? A cidade não se disfarça, a fantasia deve ter se esquecido em alguma quarta-feira de cinzas. Como não vou às festas do pré-carnaval, nem dou conta. Se não fosse a profissão e o interesse de divulgar o que ocorre por aí, o Zé Pereira sequer seria lembrado.


No trânsito, nos dias normais, nas vias que me levam ao trabalho, a propaganda na traseira do ônibus é o indicativo de que a folia está para chegar. A imagem de uma camisinha. Ato contínuo o pensar lateja lembrando as divergências entre autoriades médicas e a Igreja com relação à distribuição maciça do acessório num convite sensual.


Na minha opinião, o carnaval nem tem mais razão para ser de estrupício. Se faz isso o ano todo...

No quintal


O quintal aos domingos é um dos meus recantos prediletos. Logo pela manhã, o olhar corre célere em busca do verde que a janela escancara. Atendo ao convite do vento e debruçada, esqueço a dor do cotovelo - estou com lero cotovelar - e levo a distancia qualquer preocupação. O verde tem esse tom de mágico. Opera em mim o gesto leve, que me ergue, elevando-me do chão.


Em busca de um contato mais rasteiro, desço e piso com cuidado alguns buracos provocados pela chuva insistente no cimento não mais tão concreto. O que vejo! um passarinho sem vida, asinhas unidas ao corpo e os pequenos pés em suplica aos céus. De bico fechado para a natureza florida, longe dos doces das rosas.


Culpo o gato da vizinhança que sempre rouba comida da Melanie, a gata arisca que tenho em casa, mas que não mataria o pequeno ser. Nem ouso tocá-lo, deixo-o ali banhando-se de sol numa despedida sublime, resignado à ordem natural, e passo a insultar o mato que insiste em devorar a grama. Por que o que a gente não gosta rende tanto?

De um lado erva daninha, danando-se num desafio sem fim. Lá adiante, duas rosas vermelhas, ou melhor, encarnadas, fitam a natureza resistindo ao vento que sacode os galhos finos. Nada é mais tão belo. Vejo a minha vida: de um lado bem próximo a mim, ervas daninhas resistindo ao tempo e as tempéries, um pouco mais além, rosas, num convite a beleza.

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...