Viagem

Quando quero viajar e o dinheiro não permite estradas mais longas, abro a janela do carro, pego carona no vento, segurando na mão da música. A melodia me impacta. Vou no ritmo e chego a conversar com o compositor sobre a sua proposta.

Assumo a voz na interpretação dos versos, torno-me musa inspiradora. Sou a letra que soa nos ouvidos da alma. O trem descarrilha e não perco a poesia. Miro imagens longínquas. Por isso o meu amor pelas casinhas nas estradas. Parecem esquecidas no tempo, vazias de sentimento de progresso.


Lembro os grandes cabelos, que pesados venciam a força do vento. Havia tanta sonolência no futuro escondida pelo sorriso infantil!

Quando desenho a vida de sossego que o imo aflinge, entro naquela casinha de beira de estrada, sob a sombra de uma árvore, sem frutos ainda, mas com uma promessa de alimentar a paz.

Ira

Desde pequena aprendi que deveria conter as sensações. Fingir que não existe a raiva, por exemplo, como conseguiria?

Estava cismando sobre o sentir, encabulando os efeitos para não atingir o outro. Ora, se a raiva incomoda é porque todos nós a temos, bem no íntimo.

Acredito que a explosão é o vômito  natural que deve seguir o seu curso. As consequências desse efeito vulcânico não dormem. Espalham destruição, acinzentam os relacionamentos.

Gostaria de ter no íntimo uma orquestra, cujas sinfonias espargissem do meu ser. E alegro-me com a imagem não menos colorida do que o vento leva. Terrenos temperados pelo magma sedimentam e fortificam as flores que virão. E dentro do possível posso visualizar a calmaria do regente da música que enxuga a tempestade.

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...