Na infância

Eu fui uma garota feiinha. Cabelos longos até demais, muito pretos, olhos apertados, branca,  amarelada - até hoje não sei bem qual o nome da minha desbotada pele, que graças ao sol, muda o tom - tinha medo de tudo, inclusive da sombra.

Cismo o pensar para buscar no arquivo da memória algo que me deslumbre dessa passagem da vida. Uma imagem reflete o tempo: o velório do meu avô. Tinha quatro anos e o cheiro das flores de jasmim sinto até  hoje. Ele foi o meu amigo mais efêmero na presença física.

A minha avó paterna, tinha longos cabelos pretos, pareciam com os meus. Dela recordo um carinho para aliviar uma dor abdominal e um sorriso que o tempo vai apagando.

Eu nem queria ser tão melancolica, mas sempre considerei que a infância é um dos momentos mais ricos e mais temidos devido à sua fragilidade, a sua beleza indefesa. Fui educada como pessoa pequena e o não sempre foi tão marcante...

E chegou a desejada adolescência, com suas cólicas mensais e uma irritabilidade que provocava a tolerância materna. O corpo prometendo e os olhares mais frequentes. Os compromissos na escola... Ah, a veia poética correu com vontade nos quilômetros mil das artérias. Foi quando vislumbrei um futuro de escritora famosa, sem nunca debruçar de verdade para o êxito da fantasia. Este sonho, ainda não larguei.

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...