Até agora tenho ouvido, retrucado, apoiado e consentido o que diz respeito a mulher. Se não vejamos: é impossível esquecer a menina que fui, assutada. Toda a infância foi sob o regime do medo. A lei Se não for apanha acompanhou-me até na brincadeira de roda.
Na adolescência, aquele misto reuniu-se e ficou mais fortalecido com as surpresas hormonais. Como saber o que ocorria em mim sem puder perguntar porque era proibido e até pecado?
Fiquei madura sem ser "de vez"(termo utilizado na agricultura quando a fruta está para amadurecer). Fui mãe! Seios crescidos e fontes de alimento, quase censurados sob a ameaça de mulher menina tem que continuar bonita. E a resposta para maternidade que nos eleva aos ceus e nos derruba na estética?
A maturidade teve o carboreto da infantil ingenuidade. Eis-me agora: nem sempre resoluta, mas com muito menos medo.
Se perguntar qual época identifico-me mais feliz, digo que a felicidade é estar viva, atenta a tudo o que os sentidos permitem cheirar, ouvir, saborear, tocar. Ter nascido na década em que a opressão era uma rotina e hoje desfrutar de tantos "privilégios" é reunir uma bagagem vasta e nunca exaurida.
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