Sinto falta do bilhete. Papel pequeno, poucos escritos, com uma indomável força de aproximação. Um pedido de desculpa, um encontro marcado, a inspiração de sair correndo aos abraços, o telefone esperado. O toque que salta a emoção.
Papel esquecido no bolso, uma falsa promessa e uma angústia certa. O poder da letra manchada pelo tempo esquecida. Na história antiga, bem antes da velocidade da informação, quanta ansiedade encerrava.
O bilhete acalmou e inquietou. Lembro do primeiro que recebi. Nem sei bem quem foi o autor até hoje. Apenas informava que me observava e que gostava da minha maneira de ser. Surpreendida não entendia como despertar interesse em alguem quando a minha aparência era bem distante das meninas da moda. Mas era a minha voz que surtia efeitos, a postura de falar com tanta força.
Sim, impressionei um desconhecido que me sacudiu e, que mesmo acovardado, me tornou apaixonada.
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