Nada é mais impaciente do que o cursor sobre o espaço em branco a espera das letras, que surgem num teclar rápido, célere, bem além do pensamento. Sequer dá tempo para entender o que vai sendo explorado, num sentir flutuante.
Escrever - já me disseram, é um vício- e nessa dependência continuo eu em busca do íntimo que se esconde. Nada me é mais conhecido do que eu mesma e nada é mais desconhecido do que a minha pessoa. Conviver com o desconhecido faz de mim um número aleatório.
Nesse liquidificar de emoções, quem sou eu e que pretendia ser? Um monte de vozes, de silêncio, de aceitação e rejeição. Ninguem torce mais por mim do que eu mesma e ninguem consegue agredir-me tanto!
Agora entendo porque as pessoas estão substituindo "peças" originais por próteses. Disfarçar é bem mais fácil.
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