Hoje, o meu pai, Raimundo Rodrigues de Abreu, estaria completando 90 anos. Eu não tenho só a sua lembrança física, tenho o aprendizado de gente séria. Foi sempre tão simples, tão carinhoso e sempre me compreendeu tanto. Nem precisava falar e ele já recebia o recado.
Quantas vezes, o gênio explosivo meu açoitou o seu olhar sossegado... Em resposta, balançava as pernas na cadeira, sacudia um pouco o corpo e com voz calma "o que foi que te mordeu hoje?" É falta de dinheiro? Quando eu ganhar na loteria, dou tudo prá você." De mim, a gargalhada incrédula das chances com os números, mas uma vez quebrado "gelo", a felicidade de viver tão intimamente com alguem que sempre me respeitou.
Raimundin como chamava - e ele deixava - não media esforços para participar da minha rotina. Rasgava elogios com o meu trabalho; xingava quando alguem me aborrecia "mas, pai, você nem conhece a pessoa" chamava sua atenção, e ele "mas conheço você."
Eu tive a grande sorte de conhecer e conviver com meu pai. O legado é tamanho, que a saudade não vai cobri-lo.
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