Quando estou me dando pra alguem sinto enorme saudade de mim.
É tão flagrante o sentimento! E só me dou conta disso quando a pessoa se afasta, seja temporariamente ou pra sempre!
Cismo o pensar: será que me basto?
Percebo que é preciso abrir guarda para deixar o outro chegar. É a tal porta entreaberta, com o fecho a prova de ladrão.
Já me senti muito ausente durante longas temporadas em que me dei.
Fui com tanta vontade que esqueci de voltar. Mas, o caminho, uma vez trilhado, é recordado e cá estou de volta, me abraçando com vontade. Saio do exílio e retorno à pátria com minhas divagações e constatações.
É um exercício fecundo. Cuidar não é tomar conta.
Ser feliz é...
Não consigo responder de imediato, quando me perguntam se sou
feliz. Penso e a primeira imagem que me vem foi a alegria e o sentimento
libertador que me transportaram para uma sensação estranha, mas gostosa: a
leitura. A alegria infantil de conhecer letras e formar palavras, com sentidos
verdadeiros para mim.
Quando realmente aprendi a ler e, depois a escrever - De repente
vi que já sabia, mas que ignorava esse conhecimento latente em mim. Foi uma
experiência estranha, mas saborosa.
Normalmente sou conhecida como uma pessoa alegre, que dá risadas
estrondosas, chego a explodir dessa alegria, regada de muitas falas, que nem
sempre expressam o meu real sentir. E há muito descobri que alegria não é
necessariamente felicidade. Eu já sabia de tudo isso.
Então, aprendi e hoje sei que é real, que a felicidade é minha,
minha responsabilidade, meu reduto de realização. Algo íntimo, uma conquista
real da fé que tenho em mim, por saber que há uma força dizendo para continuar.
E essa aposta transcende a minha compreensão. A felicidade só não é real quando
atribuímos a algo fora de nós mesmos.
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