Acho que estou ficando madura. Amadurecer não é contar rugas do rosto, os pés de galinha que se acumulam formando molduras, que aos 15 anos não eram ameaças. Olho-me todos os dias e compreendo perfeitamente o que vem ocorrendo comigo. E como na adolescência, sou apresentada à uma nova pessoa. Todos os dias sou renovada.
Há pouco lia um testemunho de uma mulher falando sobre os cem anos de sua avó. Perguntava o que podia comprar de presentes para aquela senhora. A resposta de uma parenta foi que um pijama confortável seria o melhor mimo. Adoro o dia do meu aniversário pelas palavras bacanas que inspiro as pessoas a dizerem pra mim. Sei que é de coração porque tudo vem de lá. Agradeço sempre e correspondo aos abraços, a troca de digitais que costumo dizer. Os presentes também são bem vindos: batons, cremes, roupas e os acessórios das orelhas, cintura, braços e dedos.
Não abro mão do jeans e do batom. Pulo alguns anos no tempo e busco a boca risonha marcada pelo tempo... vou querer colori-la? A cultura põe cinza no outono da vida rica nossa. No entanto, pra mim, cinza só na cor do lápis que circunda a minha herança indígena.
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