Feliz sem saber?

Um dia desses fui surpreendida com o convite de falar sobre a felicidade para pessoas que não tinha convivência, mas que iriam me dar ouvidos mesmo assim, na busca - talvez - de entender sobre os seus momentos aflitivos e/ou suaves. Fiquei impactada. Isso, porque à época com o auxílio do Evangelho, divagava sobre a orientação de que "felicidade não é coisa deste mundo". E eu estou neste mundo de meu Deus até quando o ser superior determinar.


Pra complicar a minha falta de noção sobre o tema, fatos domésticos torturaram-me exatos nesse dia. Situação pra lá de vexatória, que me colocaram, como mãe na defesa da cria. À proporção que o dia passava, às voltas com a literatura de auxílio, a felicidade que sentia estava limitada. Finalmente, chegou a hora e fui!

Diante de um salão lotado - e com certeza não estavam lá por mim - esforcei-me para ser leal à plateia. Falar para quem não conheço tem sido uma das minhas principais funções, já que faço rádio. Com um sorriso acolhedor, mirei os presentes ao mesmo tempo em que rogava por auxílio. Senhor ajuda-me a ser útil. Cruzei com os olhos o espaço fazendo Z e X para os rostos atentos e- que beleza - receptivos!

Saí-me com uma desculpa salvadora: Estou aqui porque me pediram para falar sobre felicidade. Felicidade... o que eu sei desse sentimento? Dessa sensação? Seria a pessoa certa para tratar desse tema? Pronto! a partir daí, fui tão sincera que os 50 minutos da "palestra" voaram.

Mereci os aplausos finais? Não sei, talvez pela minha coragem de não ter desistido mesmo com o sentimento de que ali não deveria ter ido. O que importa agora que fico feliz por ter tido esse contato, que se repetiram em outras vezes, falando não como uma palestrante sábia, mas como uma pessoa simples, em busca também de respostas para tantas perguntas que não me deixam ouvir as  respostas. Por isso, o silêncio em si se faz tão necessário.

Para os que me olham

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Para os que me olham e me veem com surpresa, a resposta: Sim! Estou apaixonada e não é pouco porque sou assim vou com tudo. E antes que a segunda questão aponte, sou correspondida! Quem é este ser que me eleva, me alça nos devaneios dos sonhos de olhos abertos?

Quem me conhece tanto assim, que se cala quando a minha mente barulhenta pede silêncio, a mão se aquieta e deixa apenas o olhar me tocar?

Quem está tão perto o tempo todo e não cansa, que não se ausenta, que ri e chora comigo sem perder a individualidade, sem deixar aviltar-se?

Quem dorme comigo sempre na cama que eu faço, que faz companhia na insônia e silencia diante da dormência?

Eu!

Estou assim cada vez mais apaixonada por mim. É um amor self, de fato, construido em longas décadas, longos caminhos, longas temporadas de aflição e de contínuas esperanças.

Musicizar

Com a música costumo fazer um passeio pela alma. Se o verso me consola, afago o ser inquieto que habita o corpo. Se guerreiro, espanto com lanças a tristeza, cupim do meu concreto.

A música é a mensagem contínua, situação perene do ser. É o assobio que a boca sopra para espantar os agouros da tristeza.

O artista que desperta canções em linhas retesadas dos instrumentos de cordas, é um enviado de Deus para tornar entardeceres saudosos em alvoreceres iluminados de otimismo.

Sem a música, feneço na desesperança.

Sorriso falado

Música é o som da vida que mais perpetua a minha espécie poética. Surge como sussurros, preces ao infinito azul que se estende a inspiração. O toque leve, o dedilhar da letra que escorrega entre um pensar e outro.

Mergulho sem surpresas no vocabulário devastado da mente...

Vou emergindo em busca do ar doce e místico das notas lentas e me perco sem pressa nenhuma, presa na atmosfera do olhar na paisagem do teu sorriso de promessa.

Que nem a chuva

Quando a chuva desce obedecendo comando da gravidade, a terra é que nem mulher saudosa. Aceita a visita e se prenhe de sementes adormecidas num abraço infinito de produção.

A alegria é tamanha e se conjuga a gratidão profunda com um olhar aos céus escuros numa clara promessa de vida contínua.

Eu sou árida de espaços para tingir céus de emoção. Por ser passional quero chuva de discernimento para expandir os grãos numa fraternidade ainda desconhecida, mas que nem por isso, tão desejada e tão latente.

Estou numa fase de namoro próprio.

Reencontrando-me nas vivências avulsas e dormentes da minha existência.

No conjunto de emoções habito um vulcão. Quando adormecido, a paz reina ao meu redor.

As amizades perenes e efêmeras povoam-me.

Quando transbordo, extravasando a verdadeira essência pontual, queimo, chaga aberta ao céu: machuco e sou machucada.

Uma vez morna, terra devastada, superfície dura, a cinza apaga o colorido dos dias. Volto a adormecer, e tudo outra vez, floresce na terra fértil da imaginação.

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...