Você fez por onde?

Resultado de imagem para focoAté hoje escuto alguém me questionar: "Você fez por onde?" Não é uma pergunta simples pra saber se tenho me importado comigo mesma, é mais uma cobrança. E quando essa cutucada é latente no pensamento a gente pode passar a se culpar por algo que deixou escapar - seja pela preguiça de ir atrás ou até mesmo pela falta de importância no objeto. Aí nesse labirinto da incerteza, o que doi passa a ser por "minha culpa, minha máxima culpa".

Passamos muito tempo nessa andança auditiva e quando nos damos folga alguém vem e aí te cobra. É uma sentença. Se cai é porque foi descuidado e não foi por falta de aviso. Se é morto é porque vacilou. Se perde dinheiro é porque não planejou a vida financeira. Se bate o carro é porque é imprudente. Tantas causas e tantos efeitos!

Nós ainda temos muito o que aprender. As aulas são diárias e professores não nos faltam. Nesse cotidiano de aprendizado tenho lá cabulado algumas tarefas de classe para um recreio menos enfadonho e mais divertido. E o que é melhor: sem levar faltas no boletim corretivo da sociedade.  Correr atrás do dez convencional, como bom exemplo, não zera a nossa tristeza e, nem muito, cessa a nossa alegria.

Portanto, faça por onde ser feliz: jogue fora a toga do juiz. Não complique. Se alguém não te valoriza e vive te cobrando por isso, dei-lhe um adeus. Se está fora do mercado, aproveita a pausa necessária e busque novos horizontes. E não fique achando que fez "por onde" estar na pior. Acredite: nada é por acaso.

Eu nunca...


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Quantas festas pra ir, mas sem convites. 

Passei um bom tempo assim.

Eu nunca tive um carro. Alguém vai dizer que absurdo. Bom, não tenho habilitação e, caso tivesse,   repetiria em todas as festas, assim como repito as roupas. 

Ah, sim! Lembro na adolescência, na escola... roupas feitas em casa e bem poucas mesmo. Uma certa vez, uma garota- que não repetia vestimentas -reclamou na frente de outros que eu era pobre e que usava sempre as mesmas e de mau gosto. 

Chorei por dentro... quase morro! No entanto, "alguém" em  mim muito língua solta falou: ok, você tem um bocado. Por que não divide comigo? Aí ficaríamos bem por aqui. Ela nada disse, mas a partir desse momento, passou a implicar menos comigo e, certa vez, até sorriu. 

Gente, roupa é pra repetir mesmo até que se pague a última parcela. Depois você pode dar um tempo... ou melhor, fica mais em casa, curtindo velhos shorts e sua intimidade. 

A roupa que mais cuido é a pele, que encobre os nervos; uso cremes a vontade; o euzinho que se depura e sai da capa sempre que pode, sem máscaras... e se você se incomoda com o meu figurino presta atenção no sorriso, que repito desde menininha, mas que se renova sempre. 

E eu pergunto:

Resultado de imagem para E daí?Faz tempo que não passo e não fico por aqui. A inspiração para deitar letras nem sempre está presente. Mas, hoje pensando nesse "interstício" retorno querendo acordar o olhar sobre as coisas e sobre a mente ocupada com tanta informação. Vejo que muitos querem tirar férias do turbilhão em que vivemos. E a gente consegue?

Com o olhar sob o prisma vermelho da sangria desatada da política brasileira fico cismando quando o discernimento virá. E eu, será que o tenho?

Nós somos cobradores compulsivos. Queremos atar a lealdade como se prêmio fosse diante de uma plateia apalermada, que não encontra saída do labirinto de leis(?), que pautam os discursos e se ausentam na prática.

E a cisma no pensar segue interrogando-me qual a contribuição dada durante essa vivência... quando foi que entrei na folia, sem fantasia, sem samba no pé, mas dançando mesmo assim?

E suplico por luz -porque creio que existe ao mesmo tempo que ofusca o meu entendimento - para distrair as tentações de quedar-me e gritar basta! Tô fora! Vou mudar de rumo e de casa.

Ah... o lar desejado pode ser qualquer lugar, desde que caiba no quadrado da minha compreensão. Em tempo: preciso atentar-me com relação à minha participação nesta sociedade confusa.

No mundo dos nomes e números

As nomenclaturas da vida não me definem, mas permitem que eu seja uma pessoa com registro. Quando criança, na estatística dos nascidos vivos, fui número; na escola acrescentei a disposição dos dados da educação da época, assim como na universidade e no curso de pós-graduação.

Na vida civil fui cadastrada com 12 dígitos, os quais sem eles não existiria nos bancos, no comércio, no exterior....

Nos índices da violência doméstica tem lá a minha "contribuição" e idem na discriminação preconceituosa de gênero.

No convívio social os nomes e  apelidos se avolumam com o passar dos anos e da convivência com pessoas, que assim como eu convivem com a mesma realidade. Recorremos à língua portuguesa tão rica de verbetes para justificarmos o temperamento, as habilidades, na busca do aconchego do ser.

As nomenclaturas nos formatam, mas não nos influenciam a alma. São indicativos para que possamos compor esse imenso mundo de convenções e de permutas nem sempre viáveis para o nosso crescimento.

Neste varal falta um calção


Os apelos para uma companhia de vez em quando chegam sorrateiros, brincalhões, escondidos no afã da liberdade de morar sozinha.

Quem vai modificar essa rotina  conquistada a duras penas?

Quem se habilitaria a interromper essa rotina conciliadora de personalidade tão vivaz, tão independente?

E este armário tão bem definido com suas gavetas intocáveis e sortidas de peças coloridas, macias, cheirosas?

E sem falar no tubo de pasta sempre bem fechado e sem deixar marcas na pia do banheiro pronto para ser fotografado?

Pois é.... pensou, pensou e num suspiro larga o que está fazendo para brincar com os apelos lembrando que bagunça faz parte da vida. Não é aquela bagunça de se perder o que se aprecia, mas aquela desarrumação que harmoniza com muito carinho e atenção.

Agora é flagrante a vontade de ver aquela  gaveta com espaços para as cores outras, não importa o gosto; toalhas molhadas jogadas de qualquer jeito, com marcas da presença de alguém que vem para fazer companhia...

Quem disse que vida arrumada é tranquila? é satisfação?

Parafraseando Bruna Lombardi, ela exclama "que me venha esse homem" e desarrume o seu pensar, a  não enfadada vida. Sim! porque se sabe bem morar sozinha, também pode ser boa companhia.

Amizade é igual a amigos

Abraçar o amigo é apoiar a si mesmo.

Festejar com as amigas é abrir o jardim secreto, cujas flores estão prontas para serem distribuídas.

Lembrar o amigo é sentir-se acompanhada. A amizade é o útero materno fora do corpo físico. É a essência que flui em nossa volta.

Eu amo os meus amigos porque encontro neles apoio, discordância, censura, e, por que não dizer, puxões de orelhas. Sim, porque os amigos são a nossa ponte com a realidade que a gente não vê.

Nada é mais prazeroso do que receber o mimo da atenção de alguém, que gosta da gente de graça, e faz da nossa vida um celeiro de inspiração.

Cada amigo(a)  que me aceita estorvada, recuada, exibida, falante, silenciosa, resmungona, inteligente, bloqueada, e faz disso uma piada tem o meu pensar como palco para sua grande atuação.

Obrigada pela amizade.

Porque não desistir

Há momentos o que o mais fácil é desistir do que nos se apresenta.

Seja pelo impacto da novidade, seja pela falta de curiosidade, seja pela falta de tempo, de dinheiro, do muito o que fazer no dia a dia.

É essa rotina que massacra sem dizer, que dilui sonhos já não lembrados, guardados na caixa da memória envelhecida.

Nada mais é tão incapacitante quanto a preguiça de prosseguir.  Mesmo que nos sejam dadas inúmeras alternativas, mãos, abraços, afagos... Isso, porque desistir é mais prático do que sair do chão que aluga, pelo medo de arrancar as raízes do comodismo e perecer.

E, se de repente, o vaso cai e a areia se desprende expondo o bulbo, que garante a seiva da vida, o jeito é atender o ultimato e buscar respirar ares novos. Mas, há que estar atento para não se aquietar de volta a um novo vaso, que prende, mas que garante o prosseguir.

Somos plantas, verdes quando lembradas da rega, ressecadas quando largadas? Não. Há um universo de possibilidades  com sois, água, minerais para a geração de frutos coloridos, saborosos... e mesmo que os brotos sejam abortados, sempre haverá a semente, ou aquele galho que vai "pegar" e se transformar na árvore florida.

No peso da avaliação

Não adianta fingir, só amamos gente bonita. Afirmo isso pensando, caso engordasse mais: quem continuaria me amando sem um dia - eu disse um dia sequer - me tachasse de gorda! O belo ficou concretizado nas curvas suaves, na pele rígida, seios pontudos e bunda idem.

Por que a gordura nos afasta do quesito de bem com a vida? Isso porque já estive bem mais gorda do que sou hoje e lia nos olhos das pessoas e ouvia seus pensamentos. Um amigo falou docemente aconselhando-me a emagrecer: eu não perdoo esse volume todo. Cadê a Fátima Abreu que atravessava as ruas com sinal verde e os motoristas paravam para ficar olhando?

Eu também me rejeitei inúmeras vezes. Porque quando deixei de usar calças jeans (porque nenhuma passava pelas pernas volumosas) deixei também de ser atraente e passei a ser conhecida como o sorriso mais contagiante. O sorriso dela - diziam - continua lindo!

É fácil curtir isso? Claro que não! Forcei a rotina, emagreci 12 quilos e a primeira coisa que fiz foi voltar à loja com vendedora desinteressada. Escolhi o que quis sem perguntar o preço e usei diante da perplexa mocinha que recordou de mim, outrora "redonda". Nossa! quanta mudança!

Agora há pouco vi uma garota, amiga de face, bem mais magra depois que se livrou da consequência do parto, e nos comentários só elogios. Bom, moral da história. Quer ser bem aceito até pelos seus móveis e acessórios, não engorde!

Mas, cá pra nós, essa mesma sociedade que nos define deusas por usarmos no máximo 40, nos intoxica. Eu não vou aqui dizer pra A ou B que se ajuste aos "padrões" ridículos padrões, mas que cuide de sua saúde. Seja corpórea, seja social. Felicidade não tem peso. Tem escolhas que vão muito além do que um bife, um chocolate, uma cerveja gelada. Barriga de tanquinho sem cerveja? Tô fora!

O choro de Cunha

O choro nem sempre é lágrima.

Nem sempre tem som.

Nem sempre é visto.

Mas, muitas vezes é engolido, secreto, vilipendiado pelo sofredor.

Sorrir quando a lágrima teima em aflorar é uma luta insana.

Debruço-me sobre o assunto depois de olhar e ler interpretações diversas a respeito do choro do presidente afastado e agora, renunciado, Eduardo Cunha. Faço isso, inaugurando nesse espaço um tema tão palpitante e tão factual.

Devido às suas ações, vestimos a toga de juízes e vamos lhe carimbando por uma  diversidade de acintes, achincalhamentos.... e fico pensando, ninguém em sua defesa? Somente ele? Não! não estou para agredir e nem para defender. Apenas cismando sobre tudo isso.

Sobre como nem sempre lágrimas - sinceras, fingidas, teimosas que fluem, marcam a face de uma pessoa que já tem sua imagem formatada- comovem.

O que passava na mente de Eduardo Cunha quando lacrimejava diante de uma multidão de olhares, expondo o seu sentimento do momento, apenas cabe a ele denotar.

O meu pensar cismado segue-o até a intimidade do lar, da fortaleza do seu ego, do vazio gabinete, de Cunha diante dele mesmo, nas entranhas  da sua frustração. Busco nele o que sei que todos nós temos: a vontade de recuar, de revolver, de se despir dos ilusórios enganos que cometemos neste Planeta escola.

Luz!

Olhos para olhar

Eu queria que tudo fosse enredo de filme, digo ficção, coisa de louco, que imagina misérias para o mundo, essa tal realidade de ontem, hoje e se Deus quiser não de sempre. Não tinha nem tomado café para acordar as ideias, despertar a boca, e já estava  diante de notícias dando conta da loucura nossa de todos os dias de destruição.

Queria que fosse um daqueles  longas do tipo "guerra nas estrelas"  deglutidos com guaraná e pipoca. Ou reprises na telinha e que eu poderia por fim desligando a TV ou mudando de canal. Mas, não! É real demais por isso provoca tanta dor.

Fico cismando porque existe em nós esta ânsia de calar o outro, impondo o que acreditamos ser verdade. Por que teimam tanta a ignorância, a idiossincrasia distorcida, a ilusão do poder?! Não seremos imóveis antigos prontos para serem demolidos atendendo à ganância. Não seremos madeiras corroídas por cupins da moralidade falsa que prolifera.

A cegueira que nos persegue não se desnuda? Os olhos que Saulo sentiu inúteis no caminho de Damasco precisam ser recuperados pela córnea da boa vontade! Que Assim Seja!

Sem pressa

O meu tempo de se avexar já passou. Foi o que ele disse olhando-me com atenção, sem que eu me desse conta da corrida do meu tempo.

A sua calma acompanhava o ritmo quase sereno do movimento das ondas do mar naquela manhã de sol que prometia dia mais claro. Não tão esplendor da vida prometida surgida na infância. Cá comigo desviava atenção da minha rotina de trabalho, deitando o olhar naquelas mãos calejadas curtidas pelo sol e Deus sabe lá de quantos anos empurrando o carrinho de tapioca.

Não, ele não estava duvidando de mim, quando lhe falei que deixara a bolsa no carro com o dinheiro que lhe devia do lanche tão oportuno. Fiquei cismando o quanto deveria saber aquele homem tão simples. Quantas gargalhadas ele já teria dado nos encontros com os amigos? Quantas promessas ele alimentou durante suas caminhadas. Estaria ele tão impregnado pelo prazer da natureza diante daquele mar enorme que lhe oferecia tantas possibilidades?

Saí com uma pauta e voltei com outra história. Uma experiência de vida tocada em mim por uma simples frase. Ele nem se preocupou com o meu pensar. Depois que recebeu os trocados pelo seu produto, despediu-se com um olhar vago mas com muita conversa interior. Deixou-me tão empolgada com a arte de viver. No entanto, fiquei ali caminhando com a mente acompanhando o seu distanciamento com os passos de quem não mais se avexa.


Pela poesia

Há uma enorme necessidade de se conjugar a poesia.

Há um extenso vazio que sua falta provoca na música, nas livrarias do cotidiano da grande maioria das pessoas.

É preciso poetizar a rotina.

Iluminar olhos não tão brilhantes hoje, colorir telas de vidas opacas.

É vital contribuir para o mundo que nos oferece e ao qual lançamos o véu da incompreensão.

É absolutamente oportuno iniciar corridas em busca dos pensadores fartos de ideias,

Abraçar a janela do viver para a poesia

Fazer amizade com o poeta.

Sugerir milagres para o universo.

Na cozinha

Atualmente sigo a receita para ser feliz:

Descarto temperos antigos, fora do prazo de validade, do tipo é preciso ter sempre um objetivo para continuar caminhando;

potes pequenos que cabem poucas sobras. Sim porque nem tudo que não é consumido é lixo;

no congelador o verde, as hortaliças risonhas do meu viver, para que assim se conservem;

Preparo banquetes em grandes panelas para alimentar de esperança os que me rodeiam. Sim, não preciso viver só para me conquistar;

Mesa ampla para reunir alegrias, desabafos, muxoxos e até falta de apetite. São as minhas fases, verdadeiros graus que me elevaram até aqui.

Manter em banho maria os alimentos a servir, verdadeiras companhias do caminhar. Sim, na falta de visão noturna, costumo dormir na direção e pego atalhos.


Companhia

Com quem andas? Esta frase com o português no popular - com quem tu anda? - era o interrogatório materno fazendo alerta para as más companhias, aquelas que nos induzem ao mau caminho. Santa ignorância minha, o que seriam as más companhias? Aquelas garotas que usavam saias curtas, que usavam cabelos também curtos? que saiam em companhia dos namorados, colegas de escola, que pintavam as unhas? Resmungos e mais resmungos acompanharam-me por muito tempo, que geravam uma insatisfação tão grande própria de quem não alcançava o sinal amarelo da vigilância.

Após o fim do primeiro casamento, lá vem o questionar com dedo em riste para a atenção à mulher descasada, que não pode namorar porque tem filhas, as meninas precisavam de muita presença.

No trabalho, as companhias nem sempre más com as rasteiras incertas.

Nas noitadas as quais costumava chegar e sair sozinha...

Afora todas essas provocações sociais, dava-me conta das más companhias quando sozinha. Ensimesmada e por que não dizer assustada com o pensar nevoento, que arrancavam dores da alma. Não eram presenças físicas, que podem atordoar com tantas informações, mas imagens fortuitas, vozes sem endereços, e o que é pior, sem clareza.

Com quem ando, pergunto eu agora, com insistência. A vigília agora é minha!

O valor da flor

A continuidade da vida - além da existência física na Terra - permanece em nós ainda encarnados, saudosos dos que partiram como uma promessa de reencontro. Enquanto isso não nos é permitido vamos nos agarrando ao palpável. Nessa rotina de vida reta, exploramos os sentidos numa busca incansável de contextualizar em nossos momentos aquele que nos ensinou a sorrir, a chorar, a nos perplexar diante de um leque infindo de experiências.

A imagem ao lado, as flores  cheias de vida são um presente. Foi o meu pai que levou para crescer no meu quintal uma muda, que ele tinha sempre o cuidado de observar seu crescimento, fazendo recomendações e alertando para a importância da rega. Essa planta vai crescer um bocado e dá umas flores muito cheirosas, você vai gostar, dizia ele.

Naqueles momentos não nos davam conta- pelo menos eu - do quanto essa planta, com seus galhos magros e altos e suas flores maravilhosas me fariam companhia. Hoje, longe da presença física dele, esse mimo do meu jardim está ali prometendo manter o carinho que me dispensava.

Obrigada papai. Você me ensinou que a vida é o melhor presente.

Pelo valor da escrita

Nesta necessidade minha de escrever diariamente ou todo o tempo da minha vida, andei vasculhando sobre essa necessidade vital de outros escritores. Vi neles suas finalidades e pretensamente quis igualar-me. Sim, é necessário portar e postar letras unidas em palavras para parafrasear e contar sobre os acontecimentos diários. Nisso eu me sustento literalmente. O jornalismo me força a isso.

Nas letras eu me perco ou me encontro. Nessa estrada nem sempre asfaltada pela razão, vou pulando os obstáculos e surpreendendo-me na proeza de vencê-los. É prazeroso. Aí já não escrevo para pagar as contas somente,
mas para manter a mente desocupada. Sim, porque é de uma leveza esse trabalho que dispenso o cansaço físico.

Não estou aqui para ser entendida, mas quero ser lida. É uma vontade enorme de lançar ao mundo palavras que chegam e que vão tão rápido, o que me obriga, muitas vezes a ter sempre um caderninho de anotações e uma caneta que não falha. E quando isso ocorre lá se foi a inspiração.

Nesse diário íntimo, que não tem nada de obscuro e que pode ser lido por qualquer um que se habilite, vou me expondo sem medo, sem sequer pensar, que posso um dia ser admirada. É o exercício meu diário, de deleitar-me no teclado, meu berço de estimação.


Ser madura

Amadurecer, ah que pausa boa nas perspectivas conflitantes da vida.

Como é bom flagrar em si o afrouxamento das rédeas das situações que nos circundam, das quais ainda agentes ativos , mas sem querer ser a única mão que aperta o laço.



Que ter sempre razão é cansativo, que ser feliz é a meta sob quaisquer circunstâncias, sem negligenciar com o dever que abraça.


Que a frase “deixa pra lá” é mais bem vinda do que “deixa que vou resolver isso”.


Que deitar na rede a noite depois de um dia longo de trabalho é traduzido como um dos maiores prazeres.


É mostrar os braços sem tentar explicar a pele que se distende.


É reunir amigos para um longo bate papo e dar altas risadas sem preocupar em demonstrar isso.


É banir o juiz que julga, julga, julga...



Amadurecer não é o entardecer da existência. É, na verdade a contemplação do que pode ser.



 


Negros cabelos

Quando os meus cabelos eram negros - na maior parte porque aí já contavam alguns fios brancos que surgiram aos 14 anos - claras eram a esperança, a vontade de crescer, o ritmo frenético das novidades que apareciam na redação da rádio O Povo.

Eram claras as minhas intenções no trabalho, como mãe e como mulher em busca de um grande amor.

Eram altos os degraus dos sonhos meus acalantados por noites adormecidas e sacudidas pela voz do filho mais novo pedindo colo.

Eram fartos os cabelos que cobriam o cérebro com ideias que pululavam o dia inteiro.

Eram fortes - assim como ainda hoje são - o temperamento e a firmeza nas decisões.

Hoje, os fios multicoloridos - porque depende da vontade e da química - mantenho firme a vontade de continuar crescendo.

Se deixar, o vento leva!

  De vez em quando faço uma ligeira pesquisa por aqui, neste espaço.  É tão bom ler o meu pensar de alguns anos.  Este blog tem me acompanha...